– Hoje, temos mais exportações de arroz, milho e trigo. As dificuldades para escoar a soja tendem a ser maiores – diz Gilberto Borgo, presidente da Associação dos Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs).
Atrelada a isso, a comercialização antecipada da safra vem aumentando. Neste ano, conforme a Acergs, mais de 35% da soja gaúcha já foi vendida com data limite para ser exportada pelo porto.
– O preço atrativo fez com que o produtor antecipasse a venda. A maioria dos contratos é para o fim de maio. Se os prazos não forem cumpridos, corremos o risco de perder vendas, como ocorreu em Santos – disse Borgo.
Quando fala em perder vendas, o cerealista se refere aos atrasos sucessivos que levaram o Sunrise Group, uma das maiores empresas comercializadoras de soja da China, a cancelar uma encomenda de dois milhões de toneladas do Brasil.
Responsáveis pelo escoamento de 80% da safra gaúcha, os caminhoneiros autônomos sentem na pele as dificuldades para transportar os grãos. Os percalços vão do fluxo intenso das principais rodovias de ligação, passando por condições precárias das estradas e longa espera para desembarque no porto.Isso sem falar dos gastos.
Para transportar a safra, porém, o produtor terá de arcar ainda com o aumento do custo do frete – em razão da alta no preço do diesel e da nova lei dos motoristas. Neste início de colheita, o preço para transportar uma tonelada de grãos de Passo Fundo a Rio Grande, por exemplo, passou de R$ 55 para R$ 75. À medida em que o fluxo aumentar, explica Borgo, o valor poderá chegar a R$ 90 por tonelada – depreciando em R$ 2 o valor da saca.
– É preciso organizar o fluxo de cargas, com agendamento de embarques conforme a chegada dos navios. Assim, o caminhoneiro não precisa ficar parado na beira de estrada e ainda correr o risco de ser assaltado – aponta Eder Dal’Lago, presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado (Fecam).
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