Segundo o Mataboi, foi criada uma crise por demanda. Na região do Triangulo Mineiro, em Minas Gerais, onde está localizada uma das sedes, a situação está praticamente normalizada e os pecuaristas estão confiantes.
Quando o frigorífico parou os abates, no período entre 29 de março e 11 de abril, o pecuarista Paulo Paiva, que vendia lotes para o Mataboi, passou a comercializar com outros frigoríficos. No entanto, assim que a empresa reiniciou as atividades, ele foi um dos primeiros a retornar e acredita que essa é uma crise passageira.
? Dificuldade toda empresa pode passar, mas estamos acreditando que vai ser momentânea, vai ter recuperação o mais rápido possível e é importante não só para os pecuaristas mas para a cidade em si.
Para Paiva até mesmo os pecuaristas que estão entre os credores, também deram um voto de confiança e entregam os animais normalmente para o abate.
? O Mataboi, para evitar esse problema financeiro, está comprando à vista atualmente. Então estamos mandando e acreditando. Muitos colegas que tem resíduo de venda de animais e que não receberam, mesmo assim estão acreditando que vão receber, estão apostando nesta administração ? explica Paiva.
No frigorífico em Araguari (MG) o movimento de funcionários voltou ao normal. Nesta sede, mais de mil trabalhadores estão na ativa, cerca de 200 a menos dentro desta nova realidade.
No site do Mataboi foi criado um espaço com o nome recuperação judicial que inclui a lista completa dos credores. A dívida passa de R$ 360 milhões, mas o faturamento em 2010 foi superior a R$ 1 bilhão. O frigorífico teve apoio dos fornecedores e pecuaristas para retomar os abates em Santa Fé (GO) e em Araguari.
No mercado interno foi retomada a distribuição nos principais pontos de venda. O diretor administrativo e de marketing do Mataboi, Rubens Vicente, explica que a recuperação só está sendo possível graças a tradição familiar da empresa que completa 62 anos com os mesmos acionistas e tem credibilidade.
? Nós enxergamos que o momento atual do Mataboi é um momento de recuperação, momento de muito trabalho, um momento de disciplina e que está nos levando a atender todas as exigências da recuperação judicial fazendo com que o produto se posicione novamente com força e qualidade com a marca Diprima em uma distribuição bastante horizontal.
A diretoria do Mataboi vai apresentar dentro de 60 dias um plano de reestruturação e de como pretende pagar seus credores que são basicamente bancos e fornecedores. A recuperação judicial tem como advogado Julio Kahan Mandel e como consultora a empresa Erimar Consultoria, as mesmas que recentemente representaram a Frigol, que teve o plano de recuperação judicial aprovado pelos credores.