Com isso, o abastecimento do mercado interno fica ainda mais pressionado tendo em vista as dificuldades nas importações de trigo da Argentina, cuja produção pode ter caído perto de 30%, motivando medidas do governo daquele país para conter as exportações. Há o risco de continuidade de pressão inflacionária tendo em vista os baixos estoques de trigo atualmente.
O preço do pão vem em alta ao longo de todo este ano. A cultura do trigo é responsável por cerca de 6% do faturamento agrícola do Paraná, que já está sofrendo danos em sua lavoura de milho, cuja qualidade vem sendo comprometida pelo excesso de umidade, observada em junho principalmente. O milho, que representa mais de 20% do valor da produção agrícola do Paraná, deverá, de qualquer forma, manter sua produção recorde apesar do clima.
Plantações de trigo em São Paulo também foram atingidas por geadas de média intensidade. Cerca de 34 mil hectares de trigo cultivados na região de Sorocaba sofreram com a ação do frio na madrugada desta quarta, dia 24. Pelo menos 80% dos trigais estão em fase sensível aos efeitos do frio, de acordo com o engenheiro agrônomo Vandir Daniel da Silva, técnico da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado para a região de Itapeva. Segundo ele, ainda não é possível estimar as perdas.
Em Santa Catarina, plantações de repolho, couve-flor, brócolis, alface, beterraba, fumo e morango, entre outras hortaliças, que representam 80% da economia da cidade de 5,7 mil habitantes, foram destruídas devido a geada e a neve. Apiúna, na região do vale do Itajaí, teve prejuízo de R$ 500 mil com perdas de plantações de fumo e também reflorestamento de eucaliptos.
O frio intenso, combinado com o acúmulo de gelo, provocou ainda quedas de árvores sobre as linhas transmissão que levam energia para as cidades. Itaiópolis, no Planalto Norte, decretou situação de emergência.
Chuvas atrasam colheita de café
As chuvas que atingiram o norte do Estado de São Paulo causaram pauta na colheita dos grãos. O volume colhido foi 20% menor do que na mesma época do ano passado. Desde junho, já são cerca de 10 dias de sem trabalho de campo. Se agora a chuva atrapalha, em fevereiro e março ela fez falta nos cafezais e prejudicou a formação dos grãos. O maior problema do tempo úmido é que a chuva, quando vem com vento, derruba muitos grãos do pé. O café que cai no chão pode fermentar e perde muita qualidade.