Inseto preocupa e tem gerado manejo para controle especifico. A incidência da ferrugem asiática está elevando o número de aplicações. Veja o vídeo do replantio das áreas alagadas com soja
Daniel Popov, de São Paulo
As áreas de soja da região Oeste do Rio Grande do Sul não terão salvação mesmo. Muitos produtores relatam perda total, confirmadas pela Emater-RS, em seu relatório semanal. Mesmo sabendo que não terá boa produtividade, um produtor replantou a soja. Para piorar a situação, grandes populações de percevejos surgiram exigindo um combate inédito à praga, sem falar nas alta incidência da ferrugem asiática.
“A mortalidade de plantas é expressiva nas áreas baixas e, nas coxilhas, o estresse hídrico é notado pelo amarelecimento das folhas e reduzido crescimento vegetativo”, resumiu a Emater sobre a situação da Fronteira Oeste.
Dois produtores de soja da região confirmaram o cenário descrito pela Emater. E ambos tiveram perda total das áreas que ficaram alagadas. “Nas áreas alagadas terei um prejuízo grande, porque a água demorou a baixar e estão totalmente perdidas”, diz Caio Nemitz, com áreas em Alegrete e Manoel Viana.
Outro produtor resolveu tomar uma medida mais extrema, mesmo sabendo que ela não trará o retorno esperado. Edimar Ceolin arriscou fazer o replantio de 400 hectares (dos 600 hectares que perdeu) com soja, passando com a máquina por cima das plantas podres. “Replantei de teimosia, mesmo. Sei que a chance de ter sucesso é pequena”, afirma ele, que deve colher em maior esta nova soja.
Percevejos
Segundo a Emater, quanto à ocorrência de insetos, os percevejos têm sido encontrados em quantidades significativas nos monitoramentos. Informações confirmada pelos dois produtores que estão se empenhando para combatê-los.
Nemitz diz que percebeu o surgimento da praga em suas áreas e também ouviu relatos de grandes infestações, mas se mostrou tranquilo já que habitualmente, nesta época do ano, faz um manejo focado no inseto. “Na minha área tomamos sempre muito cuidado com o manejo para evitar problemas maiores. Isso aconteceu já que muitas aplicações de inseticidas não tiveram a eficiência normal por causa do excesso de chuvas”, relata.
Já Ceolin relata nunca ter tido infestações tão grandes e relata que teve de fazer pulverizações específicas contra o inseto. “Tem regiões que apareceram populações nunca vistas antes, me falaram. Nas minhas áreas está difícil combatê-los, pois a soja está alta e o controle normal não está chegando lá. Em algumas áreas tive que fazer uma aplicação individual contra eles, nunca fiz isso antes. Imagina ter que reaplicar dez dias depois de ter feito outra”, destaca.
Ferrugem asiática
O excesso de umidade e o plantio posterior ao restante do país está trazendo outra dor de cabeça para os produtores de soja do estado: o aumento da incidência da ferrugem asiática. Ceolin diz que a doença está se alastrando e com ela o aumento das aplicações de fungicidas.
“A incidência da ferrugem está muito elevada esse ano. A doença chegou antes e a umidade ajudou no alastramento, com isso acho que terei que fazer 1 ou 2 aplicações a mais”, afirma.
Segundo o Consórcio Antiferrugem, o estado do Rio Grande do Sul já ultrapassou o Paraná em casos confirmados de ferrugem asiática e agora soma 78 ocorrências em lavouras comerciais.
Estado tem bom desenvolvimento
A cultura da soja obteve excelente desenvolvimento no restante do estado, beneficiado pelo clima favorável no Rio Grande do Sul, ressaltou a Emater. “Com o predomínio de sol e a adequada umidade do solo, as plantas se desenvolveram bem, apresentando boa coloração. É satisfatório o número de vagens nos estádios iniciais de desenvolvimento”, diz.
Na região Planalto, o desempenho de algumas lavouras preocupa os produtores em função dos picos de temperatura elevada, mas nada que determine, ainda, perdas de rendimento.
A maior parte da cultura do Estado está em estágio de florescimento, e as condições de clima são favoráveis ao desenvolvimento das estruturas reprodutivas. Nas regiões da Fronteira Noroeste e Missões, de modo geral, a soja apresenta diminuição do porte das plantas, quando comparado ao do ano anterior, ainda que ocorra emissão de vagens desde a base até o alto das plantas.