A pouco mais de um mês das festas de fim de ano, o setor de frutas nacionais prevê alta nos preços. As mais populares na mesa do brasileiro estão na lista, como é o caso da banana.
Roberto Losqui mantém na propriedade de dez hectares, no interior de São Paulo, pomares de cinco variedades de frutas. As vésperas do período mais lucrativo do ano para a fruticultura, o esforço é para fazer com que elas conquistem o consumidor pelos olhos e não pelo bolso.
“Hoje, ou o fruticultor é extremamente profissional naquilo que faz, ou ele está fora do mercado”, diz. Para ele é preciso ganhar na produtividade cada vez mais, ganhar na qualidade, em novos nichos de mercado e aprender a trabalhar com a fruta em novas janelas. “Vai ter que usar a criatividade para continuar na atividade”, aponta o produtor.
Apesar dos altos custos de produção registrados em 2015, o produtor garante que a fruta que está saindo dos pomares não sofreu alteração de preço. A qualidade e a produtividade também estão dentro do esperado. Até dezembro, o Brasil deve produzir quase 43 milhões de toneladas de frutas. Volume 4,5% maior que o colhido no ano passado.
“Foi um ano bem melhor, no ano passado foi muito difícil enfrentar aquela estiagem. Esse ano a chuva veio na hora certa, está vindo na hora certa. Pra fruta isso é espetacular e isso vai resultar em melhor qualidade dela”, garante o produtor.
Segundo Losqui, o custo da energia é o que mais está sendo sentido no campo. “Subiu muito, o custo do óleo diesel, o custo de pedágio, isso já está entrando como custo, e a gente não está conseguindo repassar esse custo no mercado, está sendo praticamente o mesmo preço do ano passado”. Já o preço na gôndola está maior, alerta ele.
De acordo com análises do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), diversas variedades apresentaram aumento de preço, entre elas, as duas mais consumidas no país. Em relação a novembro de 2014, a banana subiu 14%. Já a laranja em comparação com o mesmo período do ano passado está 11% mais cara. Em setembro, o índice de preços da Ceagesp, o maior entreposto de frutas e verduras da América Latina, apontou alta de mais de 4% no preço das frutas. E quanto mais caro o produto, menos o consumidor tem levado pra casa. O setor já prevê para 2015 uma retração de 10,15% em comparação com o desempenho do ano passado.
“O cenário acompanha a economia brasileira, não necessariamente nós vamos ter uma retração de consumo, mas nós vamos ter uma alteração no mix de consumo. Provavelmente as pessoas vão buscar frutas de melhor valor unitário substituindo o consumo de frutas de menor valor unitário, importadas ou produzidas aqui no país”, indica o presidente do Ibraf, Moacyr Saraiva Fernandes.