Conforme levantamento realizado pela Emater-RS, somente na Serra Gaúcha, cerca de 20 municípios tiveram perdas na agropecuária. Bento Gonçalves foi o município mais prejudicado com 80% da produção de frutas perdidas, somando um prejuízo de quase R$ 10 milhões.
– Neste momento, a primeira coisa é acionar o seguro e esperar que o tempo venha melhorar. Porque fazer com que essas frutas venham a se tornar mercadoria, infelizmente, não vai ter como – lamenta o fruticultor Ivandro Lerin.
Mesmo assim, o seguro contratado pela família Lerin não será suficiente para cobrir o prejuízo de mais de R$ 200 mil em sua propriedade, pois o seguro contratado é parcial, ou seja, cobre apenas parte das despesas com os estragos.
– A gente faz um seguro pra cobrir nossos custos diretos, financeiros, mas em virtude de estarmos num ano atípico, com queda grande de safra, jamais o valor do seguro iria compensar o valor financeiro da produção deste ano – explica o agricultor.
O tamanho das perdas
Mais de duas mil lavouras de fumo foram destruídas pelo granizo. Segundo a associação dos fumicultores, algumas propriedades não têm seguro agrícola e tiveram toda a safra perdida. No Vale do Taquari, os estragos também afetaram as lavouras de milho e a produção de uvas. No município de Relvado, a falta de luz já dura dois dias e produtores tiveram que jogar fora 500 litros de leite. Em uma granja neste município mais de 1,5 mil frangos morreram afogados dentro dos aviários.
Conforme o assistente técnico da Emater-RS do escritório regional de Caxias do Sul, Enio Ângelo Todeschini, além da redução na produção da safra 2013/2014, os pomares atingidos terão sua capacidade produtiva diminuída também nas próximas safras, devido à perda das folhas e gemas e ao estresse causado pelos ferimentos. Isso também vai aumentar o risco de incidência de doenças, exigindo mais cuidados e investimentos por parte dos produtores e onerando a receita das famílias.
Serra é a mais prejudica
Entre os municípios mais atingidos estão Bento Gonçalves, Pinto Bandeira e Monte Belo do Sul. Em Bento Gonçalves, dos 4.845 hectares de parreirais, 760 foram afetados, com perdas de 2.045 toneladas. Nos pomares de pêssego, ameixa, caqui e quivi, estimam-se perdas de 80% da produção nos 175 hectares cultivados, o que representa um volume de 1.905 toneladas. Na localidade de São Pedro, dois hectares de hortaliças foram danificados.
Em Pinto Bandeira, a redução da produção deve chegar a 20%. Foram perdidas 3,6 mil toneladas de pêssego e 425 toneladas de ameixa, cerca de 50% da produção desta fruta. Em Monte Belo do Sul, dos 2.530 hectares cultivados, 70% foram afetados pelo granizo, ventanias ou chuvas torrenciais, com danos que variam de mínimos a totais. Na comunidade de Santa Bárbara, a mais atingida, estima-se que em torno de um terço da produção de uva será perdida.
No município vizinho de Santa Tereza, foram prejudicadas, aproximadamente, 60 famílias, com perdas médias na produção de uvas entre 20% e 70%. Em Farroupilha, foram registradas perdas de 30% em uma área de 500 hectares, principalmente de parreiras, pessegueiros e ameixeiras. As perdas atingem 200 propriedades rurais em 15 comunidades.
Além dos danos na agropecuária, estradas vicinais da região foram afetadas, ocasionando sulcos e buracos, o que deverá agravar a situação financeira dos poderes públicos e dificultar o transporte. Também foram registrados destelhamentos, quedas de árvores, erosão em áreas de lavouras e pomares e, nos municípios de Fagundes Varela, Cotiporã, Veranópolis e Vila Flores, perdas na produção e leite devido à falta de energia (ordenha e conservação refrigerada).
Seguro agrícola
Nos municípios atingidos, os produtores que contrataram o Proagro já estão comunicando a ocorrência ao agente financeiro, a fim de poder recuperar o capital investido no custeio e, no caso do Proagro Mais, obter um ressarcimento de até R$ 7 mil reais. A Emater-RS deverá realizar a maioria dos laudos de Proagro na região que, por enquanto, será preliminar, pois as perdas só poderão ser precisadas na colheita.