Na véspera do fim do prazo para o recebimento de sugestões, 165 mil formulários preenchidos por agricultores familiares foram entregues à Anvisa. O pedido de suspensão da consulta pública foi feito pelos representantes das entidades ao presidente da agência, Dirceu Barbano.
? É um assunto muito grave que afeta milhões de pessoas no Brasil. Precisa ser necessariamente analisado com profundidade todos esses questionários e também as ponderações que já foram feitas pelo setor para nós mudarmos o rumo dessa história ? afirmou Romeu Schneider, presidente Câmara Setorial do Tabaco.
Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, a possível proibição de açúcar e aromatizantes nos cigarros pode inviabilizar a atividade no país.
? A forma com que o fumante está habituado no Brasil será mudada. Terá um cigarro de forma diferenciada e, consequentemente, irá prejudicar cerca de 46 mil produtores do fumo tipo Burley no Brasil. Ao mesmo tempo, os fumantes irão procurar as mesmas qualidades dos cigarros anteriormente, que possivelmente virão de outros países ? acredita Antoninho Rovaris, secretário de Política Agrícola da Contag.
O presidente da Anvisa lembrou que ainda será percorrido um longo caminho antes de qualquer tomada de decisão.
? Agora, com esse conjunto de informações que foram coletadas, ele será consolidado, apresentado em audiência pública e depois trazido ainda à diretoria colegiada. Então, o término da consulta pública não significa a entrada em vigência da norma. O término da consulta pública significa apenas que a partir daquele momento nós não vamos receber de maneira organizada as opiniões ? disse o presidente da Anvisa.
Depois, o setor fumageiro se reuniu com o assessor especial da Casa Civil, Branislav Kontic. No encontro, fechado à imprensa, os representantes das entidades pediram a interferência do governo para a suspensão das consultas públicas.
Para o presidente da Câmara Setorial do Tabaco e diretor secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), pela primeira vez foi aberto um canal de discussão para tratar a questão. Romeu Schneider explica que os produtores precisam de tempo para fazer a reconversão das lavouras.
? Nós deixamos muito claro de que não precisamos de um ou dois anos para tentar fazer uma reconversão ou diversificação viável das lavouras. Precisamos de 15 a 20 anos ou até mais. Já se passaram seis anos da ratificação da Convenção Quadro quando, na oportunidade, pedimos 10 anos e até agora não tivemos solução nenhuma para a reconversão ? lembra.