Segundo Celso Casale, presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as negociações fervilharam nos meses pré-crise em 2008, mas não evoluíram em decorrência dos preços exorbitantes das potenciais incorporadas ou do desinteresse em se desfazer das empresas quando o horizonte apontava valorização ainda maior. Conforme Casale, o mercado esfriou, mas os flertes devem voltar em 2010, com a reacomodação da economia.
? A agricultura é setor estratégico, e o Brasil deve ter empresas mais fortes ? justifica Casale.
A visão é compartilhada por executivos das gigantes de máquinas agrícolas. O diretor-geral da Case IH na América Latina, Sérgio Ferreira, confirma ter aberto negociações para aquisições ano passado, interrompidas pela crise ou pelos altos preços pedidos pelos ativos.
? Não lembraram que a agricultura e o setor vivem de ciclos ? diz Ferreira.
Pertencente ao grupo Fiat assim como a Case, a New Holland preferiu não comentar o assunto.
A norte-americana AGCO, dona das marcas Massey Ferguson e Valtra, comprou a fabricante de plantadeiras e semeadeiras Sfil, de Ibirubá, no final de 2007. O vice-presidente da corporação para a América do Sul, André Carioba, lembra que a exigência de evolução tecnológica é cada vez maior. Muitas empresas, apesar do histórico de qualidade, não terão capital necessário para investir em produto e engenharia para continuar competitivas. Na área de grãos, segundo Carioba, a AGCO continua atenta a oportunidades, mas a maior possibilidade de aquisição é no setor de implementos para cana-de-acúcar.
A norte-americana John Deere, que há mais tempo oferece implementos, concorda com a tendência de consolidação. Prefere o crescimento orgânico, mas não descarta ir às compras.
? Não posso dizer que não, porque é uma questão de estratégia ? pondera Werner Santos, diretor de marketing.
Importante fabricante de semeadeiras da região do Planalto estaria na mira, apontam fontes do mercado. Executivos de grandes multinacionais entendem ser interesse do produtor a padronização. Os que mais investem em tecnologia, em especial, teriam de recorrer a apenas uma concessionária para ter assistência técnica e não a várias se cada máquina agrícola fosse de uma marca diferente.
? Quanto mais tecnificado o cliente, mais exigente. Assim, tem toda a assistência técnica em um lugar só e não precisa depender de cinco ou seis fornecedores de componentes. Isso também facilita o controle de custos ? explica Werner Santos, da John Deere.
Outro executivo de uma grande companhia resume a questão:
? Do plantio à colheita, as empresas querem todo o bolso do agricultor.