Se confirmadas as projeções de perdas na produção, a frustração nas lavouras deve ser compensada por medidas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) com objetivo de ajustar a oferta no mercado e conter eventuais aumentos de preços.
No milho, a tendência é de que o órgão atue por meio de mecanismos como o Prêmio para Escoamento de Produto, que subsidia o frete em aquisições de grãos feitas de outras regiões, para incentivar a compra de estoques do cereal disponíveis principalmente em Mato Grosso. A iniciativa, segundo a superintendente regional substituta da Conab no RS, Mirtys Sarres Pessôa, seria importante para garantir, por exemplo, o suprimento das indústrias de rações, que abastecem a produção de aves e suínos no sul do país.
Para o analista de mercado Argemiro Luís Brum, a Região Sul não deve ter problema de abastecimento no milho, já que há estoques remanescentes da última safra: pelo menos 6 milhões de toneladas. O volume é superior aos 5,46 milhões de toneladas previstos em dezembro pela Emater/RS para toda a safra gaúcha do grão.
? O governo terá de agir, a queda deve ser grande no milho ? diz Brum.
A chuva dos primeiros dias de janeiro não foi suficiente para reverter os prejuízos, uma vez que a safra do grão já está em estágio avançado de desenvolvimento, afirma a diretora técnica da Emater/RS, Águeda Marcéi Mezomo. A colheita deve ser de 10% a 15% inferior aos 5,2 milhões de toneladas produzidos no último ciclo ? perda de pelo menos 520 mil toneladas.
Soja e arroz não devem registrar prejuízos
No Paraná, principal Estado produtor de grãos, que também sofre com estiagem, a quebra no milho deve chegar a 1,6 milhão de toneladas em razão da seca, avalia o secretário da Agricultura, Valter Bianchini. Somadas, as perdas dos dois Estados ainda representariam um terço dos estoques do grão e apenas 5,6% dos cerca de 37 milhões de toneladas previstos pela Conab para a primeira safra.
Ao contrário do que ocorre nas lavouras de milho, na soja a seca não preocupa, principalmente depois das precipitações da semana passada.
? A chuva veio no momento certo para a soja ? ressalta Águeda.
Também no arroz não há perspectiva de prejuízos, conforme a diretora.