É hora de virar o jogo e espantar o tempo ruim, acredita o chefe da sessão de política setorial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Victor Hugo Kayser. Condições mínimas para o escoamento da safra foram anunciadas pelo governo federal e trouxeram relativo alívio ao produtor. A garantia da compra da saca a um preço mínimo de R$ 25,80, a aquisição pela União de 1,78 milhão de toneladas e o prêmio para escoamento do grão são os principais itens.
Na prática, no entanto, as medidas ainda não surtiram efeito. O presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Estado (Federarroz), Renato Rocha, acrescenta que o segmento precisa de soluções imediatas. Na semana que vem, a diretoria da entidade terá uma reunião no Ministério da Agricultura para tratar do assunto. Entraves burocráticos estariam adiando o início das medidas.
Para o produtor de Uruguaiana Ariovaldo Ceratti, a lei de oferta e procura é paradoxal, e os produtores são castigados justamente quando fazem um bom trabalho ? alcançam boa produtividade e têm o grão desvalorizado. É o sentimento que dá o tom da colheita para a maioria dos arrozeiros no Estado, que acreditam na mudança do jogo:
? Faz parte. Temos de fazer o trabalho com dedicação, o alimento tem energia vital e tudo o que é feito de maneira positiva se reflete na qualidade do grão. As medidas podem não ter sido totalmente compensatórias, mas ajudam ? diz o produtor de arroz ecobiológico, que deve ter a produtividade em seus 800 hectares 20% maior este ano.