Além desta queda, que já prejudica a rentabilidade, o produtor deve enfrentar um conhecido obstáculo que compromete diretamente o lucro da atividade. Depois de retirar a produção do campo, é hora de escoar a safra, e aí antigos problemas voltam a pesar no bolso dos agricultores.
A má conservação de algumas estradas significa prejuízo. Afinal, o transporte rodoviário é o principal meio de escoamento da produção agrícola do país. Rodovias em situações precárias e poucas alternativas para transportar os grãos são fatores que ajudam a manter o alto custo do frete.
Além disso, o fluxo de caminhões é intenso no período pós-colheita e os grãos espalhados pela rodovia são uma das consequências do asfalto esburacado.
Na região, os gastos com escoamento podem comprometer em média 20% da renda do produtor. De Mato Grosso do Sul ao Porto de Paranaguá, por exemplo, o frete custa entre R$ 100 e R$ 120 a tonelada.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas do Estado de MS (Setcems), Horst Otto Schley, diz que é impossível baixar este preço.
? O produtor tem razão de se preocupar com o valor do frete, que corresponde a uma parte significativa da rentabilidade, mas não é possível baixar este preço, já que as empresas estão trabalhando no limite. Uma das maneiras de tentar reduzir esse valor seria o Governo baixar os tributos incidentes no óleo diesel, além de reformar as estradas ? explixa Schley.
As entidades que representam o agronegócio dizem que a redução dos impostos sobre os combustíveis seria uma das soluções. A outra seria o investimento maior em outros modais de transporte, como as hidrovias e as ferrovias.
O vice-presidente da Famasul, Eduardo Riedel, comenta que a falta de estrutura compromete muito a rentabilidade do produtor rural. Para ele, o ideal seria que fosse ampliado o investimento na diversificação dos modais de transporte, apostando mais nas ferrovias e nas hidrovias.
? O Governo Federal deve passar a ver este investimento em infraestrutura como uma prioridade, já que o agronegócio, que depende disso, tem um peso importantíssimo na economia do Brasil? declarou Riedel.
O superintendente da Conab em Mato Grosso do Sul, Alfredo Sérgio Rios, segue o mesmo raciocínio do vice-presidente da Famasul.