>> Produtores de café devem proteger lavouras de geada prevista para quinta; possibilidade de geada negra não é descartada
O clima chuvoso em junho aliado às fortes geadas de julho causaram prejuízos de
R$ 1,26 bilhão. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab, o maior estrago foi identificado na cultura do café, porém, o prejuízo só será sentido em 2014. O comprometimento será de cerca de 62% das lavouras. A geada reduziu a produção das lavouras de trigo em 33% e das plantações da segunda safra de milho, em 8%. Outro fator que influenciou parcialmente nos números foi a seca de abril a maio.
Os agricultores paranaenses esperavam colher mais de 38,3 milhões de toneladas de grãos, somadas as três safras – de verão, outono/inverno e de inverno. Na avaliação do Deral, devido às geadas, esse valor deve ficar em cerca de 36,3 milhões de toneladas.
– Teremos redução de cerca de 5% do estimado. Mesmo assim, ainda teremos a maior produção da história do Estado. Neste ano, programa de subvenção foi ampliado para 29 culturas. Isso deverá amenizar parte do impacto financeiro dessas perdas – informou o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
Café
A safra 2013 do café, estimada 1,7 milhão de sacas, não deverá ter prejuízos significativos em função das geadas. Segundo o diretor do Deral, o economista Francisco Carlos Simioni, explica que, do volume esperado para a safra 2014, de 1,54 milhão de sacas, haverá redução de 62%. A estimativa é de erradicação de cerca de 19% da área cafeeira, o que equivale a 16 mil hectares.
Na avaliação do Deral, a produção de 2014 será reduzida a 582 mil sacas, que provocará prejuízo de R$ 253 milhões aos produtores no próximo ano. As perdas foram intensas em todo o Estado, porém maiores nas regiões Sul e Oeste, onde as geadas foram mais fortes.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), quanto à remuneração, alguns cafeicultores comentam sobre a possibilidade de deixarem de produzir o grão nos próximos anos, caso não haja recuperação nos preços. De acordo com boletim do Cepea, na parcial de julho de 2013, a média dos valores do café tipo arábica, variedade predominante no Estado, foi quase 30% inferior à de julho de 2012 – tornando a cultura menos atrativa em comparação a outras atividades desenvolvidas na região, como soja e milho.
Para reparar os danos provocados pela rigorosa semana de inverno, um estudo elaborado por cooperativas em conjunto com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR) foi encaminhado ao secretário da Agricultura do Estado.
– O trabalho prevê um plano de adaptação à tecnologia do café voltado à realidade atual, que certamente passará pela mecanização – afirmou o gerente da Câmara Setorial do Café, Walter Ferreira de Lima. Ele enfatizou a necessidade de levar solução para os 12 mil cafeicultores do Estado, dos quais 90% são agricultores familiares.
O estudo sobre a mecanização leva em conta o preço baixo do café no mercado e a necessidade do agricultor reduzir custos com mão-de-obra. Ortigara deve encaminhar pedidos de auxílio ao governo federal, como linhas de crédito e apoio para a erradicação das lavouras velhas e incremento da mecanização, se essa for a necessidade apontada pela pesquisa.
O café não é uma das culturas mais expressivas do Paraná em questão de participação no volume de produção nacional. De acordo com o último levantamento da Seab, referente a 2011, o Estado se posicionou como o sexto produtor de café do país, respondendo por 4,16% (110,5 mil toneladas) do total brasileiro, quando a produção foi de 2,6 milhões de toneladas.
Trigo
O trigo paranaense encontrava-se praticamente com a totalidade da safra plantada até 22 de julho. Da área, 47% da plantação estava germinando ou em desenvolvimento vegetativo, fases não suscetíveis a geadas.
– O restante das áreas, 53% do total, estava em floração, frutificação ou começo de maturação. Nestas lavouras houve danos significativos – afirma Simioni. O prejuízo aos produtores, considerando os preços de mercado, está estimado em R$ 728,8 milhões.
Pelos números levantados pelos técnicos do Deral, estima-se que 954 mil toneladas de trigo serão perdidas principalmente em função das geadas. Também a seca ocorrida em maio, e as doenças ocasionadas pelo excesso de chuva em junho, prejudicaram parte da cultura. Com isso, a produção paranaense de trigo terá redução de 33% em relação à previsão de 1,94 milhão de toneladas.
– Das áreas já colhidas no Estado, ainda que representem 1%, os principais limitadores até então foram as doenças fúngicas, e não as geadas – diz Simioni.
As principais perdas da cultura do trigo estão concentradas nas regiões de Cascavel, Campo Mourão, Ivaiporã e Apucarana. Essas áreas somadas representam 60% do total atingido. Tais perdas restringiram a disponibilidade interna esperada pelos compradores para agosto, afetando os preços. Além da oferta restrita, a alta do dólar também contribuiu para o encarecimento do custo de produção de farinha nos moinhos, que atualmente tem buscado matéria-prima, principalmente, no mercado norte-americano.
No dia anterior às geadas, 22 e 23 de julho, o preço médio praticado naquele período estava em R$ 42,06 para a saca de 60 quilos. Na cotação de terça, dia13, a saca estava cotada em R$ 45,39. Este incremento de 8% nos preços fazem da cotação atual o recorde nominal da pesquisa.
O cereal é uma das culturas mais importantes do Estado, com alta colaboração para a produção brasileira. Paraná e Rio Grande do Sul revezam-se em primeiro e segundo lugar na colheita dos últimos anos, gerando quase 90% do volume nacional de trigo. Em 2011, o Estado correspondeu por 42,93% da produção brasileira, quando produziu 2,45 milhões de toneladas das 5,69 milhões de ton de todo o país.
Milho
Diferente do trigo, os danos causados na lavoura de milho pela geada de julho foram menos significativos. A maior parte das plantações de milho estava na fase de maturação, e apenas 25% das lavouras no campo, cerca de 388 mil hectares, na etapa mais suscetível ao efeito das baixas temperaturas. O agricultor que optou em plantar o milho mais tarde foi mais afetado, com parte do potencial produtivo da lavoura comprometido principalmente na região Norte do Estado.
Na avaliação do Deral estima-se que 960 mil toneladas da segunda safra 2012/2013 de milho serão perdidas em função das variações climáticas, deixando prejuízo estimado de R$ 278 milhões aos agricultores. Isso inclui as geadas, a estiagem e as doenças ocasionadas pelo excesso de chuvas em junho. Com isso a produção paranaense do milho safrinha, atualmente estimada em 10,6 milhões de toneladas, teve perda de 8% em relação ao potencial produtivo que era de 11,6 milhões de toneladas.
As regiões mais atingidas na cultura do milho ocorreram em Londrina, Jacarezinho e Cornélio Procópio, com mais de 20% de redução em relação a produção inicialmente estimada. As três regiões respondem por 24% da área semeada no Estado. Ainda segundo o levantamento dos técnicos do Deral o que mais preocupa os agricultores paranaenses é a baixa qualidade do produto colhido, principalmente no Oeste do Paraná.
As chuvas ocorridas no mês de junho comprometeram a qualidade nas regiões de plantio mais precoce, contribuindo para aumento de doenças foliares em áreas de plantio mais tardio. Apesar da redução prevista, a produção de milho segunda safra continua sendo a maior da história do Estado.
O Paraná é líder na produção brasileira de milho, correspondendo a 23% do total produzido na safra 2011/2012, quando colheu 16,59 milhões de toneladas. O Estado deve manter a liderança produtiva em 2013, conforme perspectiva divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na primeira semana de agosto. A estimativa é de que a primeira safra seja de sete milhões de toneladas. Conforme a projeção, a participação do Paraná corresponderá a 19,5% da produção nacional, que deve ser de 35,7 milhões de toneladas do grão.
Seguro rural
As regras de subvenção ao prêmio do seguro rural variam de acordo com a cultura. O governo do Estado subvenciona 50% do que cabe ao produtor. No caso do milho da segunda safra, trigo e demais grãos, o governo federal paga até 70% do valor do prêmio e o governo paranaense arca com 15% do valor do prêmio, ou seja, metade do que compete ao produtor pagar. No café, o governo federal paga 40% e o estadual contribui com 30%, restando ao produtor pagar 30%.
Até 2011, a subvenção ao prêmio de seguro rural amparava apenas o milho da segunda safra, o trigo nas modalidades sequeiro e irrigado e o café. Agora, está sendo ampliada para amparar mais 26 culturas, além da pecuária.