De acordo com o presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Celso Torquato Junqueira Franco, todas as 70 companhias associadas à entidade, grande parte nas regiões atingidas pelas geadas, sofreram algum impacto com o fenômeno climático em junho e o de agora.
? Haverá um impacto econômico, pois muitas usinas terão de mudar o cronograma de colheita e haverá um impacto na produção ? disse Franco.
Ainda de acordo com o presidente da Udop, as ondas de frio intensas que vêm sendo registradas desde junho causaram, além das geadas, o florescimento de canaviais, o que suspende o desenvolvimento da planta e reduz a produtividade.
? A soma desses fatores certamente atingirá a produção, o que já vem sendo observado no acompanhamento da safra, que poderá ter seu fim antecipado, já que muita cana será colhida antes dos 12 meses previstos ? completou.
Em Sandovalina (SP), a unidade da Umoe Bioenergy registrou geada em várias das áreas que haviam sido atingidas em junho. A cana-de-açúcar, recém-colhida, tinha rebrotado e foi novamente prejudicada.
? Talvez a usina seja a que mais tenha sofrido ? disse Junqueira Franco.
Houve também relatos de novas geadas em áreas da usina Cocal, em Paraguaçu Paulista (SP). No sudoeste de São Paulo, onde ficam as unidades, a temperatura beirou o 0ºC na madrugada, de acordo com o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe).
Para esta sexta, dia 5, a previsão é de novas geadas, embora restritas, no sul de São Paulo, onde a produção de cana é menor. No Estado de Mato Grosso do Sul a temperatura chegou a 2ºC em Rio Brilhante, onde se localiza a usina Eldorado, do Grupo ETH. De acordo com Jorge Donzelli, diretor de Tecnologia Agrícola da empresa, as geadas nas lavouras da região foram fracas e não devem prejudicar, portanto, as lavouras.
? No entanto, ainda faremos uma avaliação sobre os impactos ? disse.
De acordo com o engenheiro agrônomo e consultor Luiz Carlos Corrêa Carvalho, sócio da consultoria Canaplan, uma avaliação final sobre os impactos das geadas na lavoura só deve sair em duas semanas, quando será possível avaliar a ação do frio nos toletes de cana. Nas regiões atingidas pelas geadas de junho a produtividade da cana colhida posteriormente registrou uma queda de até 20%.