O mercado do gengibre está cada vez maior por seu uso em várias preparações culinárias e vantagens à saúde. Segundo a presidente da Associação Rural Comunitária de Promoção Humana e Proteção à Natureza, Ivanete Borba, o gengibre paulista deve voltar a ser exportado de forma mais significativa.
Ivanete explica que a transição para o sistema orgânico de cultivo e exportação apenas aconteceu com auxílio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Em 2018, o projeto Microbacias II, possibilitou a aquisição de um veículo utilitário que abriu as portas para o melhor escoamento da produção, com o aumento da área de comercialização.
A associação conta também com a assistência técnica do engenheiro agrônomo Cláudio Nadaleto, que ajuda o grupo no planejamento do negócio e da produção. “O mais importante é que estamos saindo da ‘mão dos atravessadores’, aprendemos muito nos últimos tempos devido às várias capacitações feitas via sindicato rural, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e passamos a contar com recursos provenientes de políticas públicas”, comenta a presidente.
A planta leva de seis a um ano para colher e tem a capacidade de ficar no chão, permitindo esperar o melhor momento para fazer a comercialização e colher de forma escalonada. “Com uma produção média, um hectare de gengibre produz de 30 a 40 toneladas, porém tem potencial para produzir 100 toneladas por hectare”, explica o engenheiro agrônomo Antônio Marchiori, extensionista da secretaria de agricultura.
Apesar de ser característico de pequenas propriedades, existem também grandes produtores, com até de 50 hectares de cultivo, que se dedicam a atender não apenas ao comércio local, mas também à exportação. Cada produtor da associação destina em média 1,5 hectares para o cultivo da planta, segundo Ivanete.
No período de meio de ano, quando a safra está em seu ponto alto, o gengibre é bastante usado em festas juninas para preparar quentão e chás de inverno. Porém, este ano, por conta das chuvas, houve uma perda total na área de cultivo orgânico, que costuma somar em torno de 40 toneladas de rizomas graúdos para preparo de doces e conservas.
História
A pioneira, Anne Yoriko Kamiyama, conta que no início, eram 26 produtores de gengibre. Mas a fusariose, uma doença causada por fungos, levou muitos a desistirem do cultivo. “No litoral temos vários problemas com enchentes e isso foi fatal para a cultura. Com as enchentes ocasionadas pelo assoreamento dos rios e riachos, vêm as doenças, então o cultivo ficou delimitado apenas nas partes mais altas do município”.
“A primeira exportação do país foi feita por meio da antiga Cooperativa de Cotia, que reuniu vários cooperados para montar o primeiro lote para exportação que se destinava aos Estados Unidos, ao Canadá, à Europa e aos países árabes. China e Japão vieram posteriormente”, relembra a produtora.
Entre 1970 e 2009, os produtores tiveram apoio do extensionista da secretaria de agricultura Antônio Marchiori que montou experimentos e incentivou o gengibre no litoral norte de São Paulo. Os estudos de Marchiori ajudaram a mostrar que a planta tem grande potencial para cultivo em sistemas agroflorestais de base agroecológica, ideal para a preservação ambiental.