O feito foi escolhido como tema principal da revista Science, periódico científico de referência mundial, com dois artigos publicados em 24 de abril. A pesquisa foi liderada pelo Centro de Sequenciamento do Genoma Humano do Baylor College of Medicine e pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). No Brasil, contou com apoio da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
O pesquisador brasileiro da Unesp de Araçatuba, SP, José Fernando Garcia, especialista em genômica e integrante do consórcio internacional, compara a conclusão do sequenciamento a abertura de uma caixa-preta, repleta de informações anteriormente desconhecidas ou dispersas em centros de pesquisa pelo mundo.
? Está a disposição da sociedade uma biblioteca completa e única com informações do DNA bovino que serão exploradas pela comunidade científica para resolver questões práticas que afetam os rebanhos ? esclarece o professor da Unesp.
Ele ressalta a colaboração de 300 pesquisadores do mundo para a conclusão de um trabalho que será emblemático para a ciência animal.
As pesquisas que se desenvolverão a partir do projeto genoma também podem implicar em beneficio ao meio ambiente.
? As ferramentas permitirão a seleção de animais mais eficientes e de menor impacto ambiental, no que se refere a emissão de gases que potencializam o efeito estufa ? explica Garcia sobre outras possíveis implicações.
A sanidade também será contemplada com a seleção de animais resistentes a determinadas enfermidades, desenvolvimento de novos medicamentos e vacinas e possível modulação da nutrição em nível molecular.
O que foi pesquisado ? No principal artigo publicado na última edição da revista Science, os autores concluíram que o genoma bovino é constituído por pelo menos 22 mil genes. As informações foram obtidas a partir do sequencimento de uma fêmea taurina, da raça Hereford, chamada L1 Dominette. Entende-se que o genoma bovino é o que mais se assemelha ao de seres humanos, se comparado com sequenciamentos existentes em camundongos e ratos. Os pesquisadores acreditam que os bovinos e outros ruminantes divergiram de um ancestral comum, que deu origem aos seres humanos, há cerca de 95 milhões de anos.