No oeste do Pará, famílias integrantes da Cooperativa Mista Flona Tapajós Verde (Coomflora) vivem hoje da extração sustentável da madeira de uma área de 32 mil hectares, que é manejada por eles desde 2005.
? Nos primeiros anos tivemos dificuldade para vender a madeira, pois compradores queriam só alguns tipos. Mas neste ano, vendemos 20 mil metros cúbicos, valendo R$ 197 cada, o que nos rendeu R$ 3,9 milhões ? comemora o presidente da Coomflora, Sérgio Pimenta Vieira.
Vieira contou sua experiência nessa semana, durante mesa-redonda promovida pelo Serviço Florestal, no XIII Congresso Florestal Mundial, que ocorreu em Buenos Aires. Segundo ele, a iniciativa partiu da própria comunidade, em 1991, que começou a discutir com o governo como colocar em prática a idéia.
Em 2000, começaram a desenvolver o plano de manejo. O apoio financeiro inicial do Banco de Desenvolvimento Alemão (KWF) na capacitação técnica, para derrubar as árvores sem danificar outras ao redor ou abrir estradas com menor impacto possível, foi fundamental.
? Se quiser a floresta em pé, o governo tem que assumir e oferecer à comunidade assistência técnica e apoio gratuitos ? garante o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Antonio Carlos Hummel, que também fez parte da mesa.
Para Hummel, este ainda é um gargalo importante a ser resolvido para desenvolver bons projetos, assim como o capital de giro inicial. Ele disse para os cerca de 300 participantes que marcaram presença no evento, que esta experiência foi bem pensada e planejada, o que também foi uma peça-chave para o seu sucesso. Agora, a comunidade colhe os bons frutos do esforço.
A Coomflora tem hoje um escritório, caminhão, 14 motosserras, energia elétrica vinda do uso de painéis solares, cinco computadores e outros bens. Muito mais que isso, os benefícios podem ser vistos na qualidade de vida das famílias.
? A gente vê claramente como mudou a vida das pessoas. Nós que vivemos na floresta sabemos como é importante que ela esteja sempre verde para nós e para as futuras gerações ? afirma Vieira.