Áreas irrigadas estão se desenvolvendo bem, mas previsão de produtividade em sequeiros pode não superar as 45 sacas por hectare
Simone Andrade, de Goiás
Em Goiás, os agricultores começaram a colher a soja precoce cultivada com irrigação. A previsão nestes locais é de uma boa produtividade. Já em lavouras naturais, que dependem do clima a falta de chuvas pode trazer dor de cabeça, com expectativa de uma produtividade média de apenas 45 sacas por hectare.
O quarto maior produtor do grão no país já iniciou a colheita da soja precoce nas áreas irrigadas. Para este ano, a Associação dos produtores de Soja de Goiás (Aprosoja-GO) prevê uma colheita recorde em Goiás, com 10,38 milhões de toneladas. Já a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) acredita que o volume a ser colhido não superará o recorde do ano anterior e fechará em 10,1 milhões de toneladas.
Se as contas da Aprosoja-GO estiverem corretas, serão 130 mil toneladas a mais que o ano anterior. Em Cristalina, quarto maior município produtor do estado, o otimismo está em alta e nos 240 mil hectares cultivados, a colheita deve chegar a 700 mil toneladas esse ano. “Com a irrigação, vamos aumentar a produtividade média do município”, conta o presidente do Sindicato Rural de Cristalina, Alécio Maróstica.
Em alguns pontos do município, a colheita já começou, principalmente em regiões de pivô central, como na fazenda de Fábio Gasparin. Por lá, dos 440 hectares cultivados, 150 foram no irrigado. “Neste pivô, a soja precoce deve render uns 75 sacos por hectare e o custo é de uns R$ 2,5 mil por hectare. Em outra área sem irrigação, plantada um mês depois a coisa está mais atrasada, está dependendo muito de chuva”, conta o agricultor.
No estado as chuvas foram escassas, principalmente em dezembro, mesmo assim a parte de sequeiro se desenvolveu bem. Agora os produtores contam com chuvas abundantes para que a área apresente rendimento próximo ao da área irrigada. “Estamos esperando a chuva. Se estes trovões se transformarem em água e molhar a lavoura, provavelmente vamos minimizar as perdas”, conta o engenheiro agrônomo Renato Caetano.
A colheita das áreas não irrigadas deve render, em média, 45 sacas por hectare. Outra preocupação dos produtores do estado é o aparecimento da ferrugem asiática em lavouras no município de Jataí. Caetano alerta que o certo é fazer o controle preventivo com fungicidas na época do florescimento. “Quando a condição climática é muito favorável à eficiência dos produtos é menor e as perdas são significativas”, comenta ele.
Até o momento o estado registrou o casos da doença. No ano passado inteiro, foram 76 ocorrências. De acordo com a Aprosoja-GO, mesmo com a falta de chuvas e o alerta da doença no estado, a safra 2016/2017 deve se manter recorde, mas os produtores precisam ficar atentos, pois a presença da doença pode afetar a produtividade. “Ela preocupa o produtor das regiões que plantaram mais tarde. É claro que depende de um clima favorável para que a ferrugem se instale e permaneça nessas áreas. A doença precisa de um tempo mais úmido”, afirma Bartolomeu Braz.