Até o dia 30 de setembro, os produtores estão proibidos de cultivar soja em suas áreas. Demanda antiga, antecipação do fim do vazio não acontecerá este ano
O vazio sanitário da soja em Goiás começa neste sábado, dia 1 de julho e se estende até 30 de setembro, período em que é proibido semear ou manter plantas vivas da oleaginosa em campo. Terminado esse prazo, o calendário de plantio no Estado fica autorizado de 1º de outubro a 31 de dezembro, conforme instrução normativa da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa).
Estabelecido como estratégia para diminuir a presença de inóculos do fungo phakopsora pachyrhizi na entressafra da soja e retardar a ocorrência da ferrugem-asiática nas lavouras, o vazio sanitário têm se mostrado bastante efetivo. Segundo dados do Consórcio Anti-Ferrugem, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 17 focos dessa doença foram registrados em Goiás na safra 2016/2017, enquanto a temporada anterior a essa teve 76 notificações.
É verdade que parte desse resultado é atribuído às chuvas de outubro que possibilitaram iniciar e concluir a semeadura mais cedo que em outros anos, reduzindo a pressão do fungo sobre a soja. Mas também o vazio sanitário muito contribuiu para a baixa incidência de ferrugem-asiática este ano.
“De forma geral, os produtores estão mais conscientes e bem informados. Eles fazem a destruição das plantas voluntárias e não têm plantado dentro do vazio sanitário nem fora do calendário de semeadura”, afirma o coordenador do Programa de Soja da Agrodefesa, Mário Sérgio Oliveira.
Na opinião do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), Bartolomeu Braz Pereira, o vazio é uma medida muito bem-vinda para a produção, porque trouxe sustentabilidade e economia para o produtor. “O uso responsável dos fungicidas, que já não têm a mesma eficiência de antes, aliado a um bom manejo das lavouras e ao vazio sanitário formam um consórcio de ações que aumentam muito as chances de sucesso no combate à ferrugem asiática.”
Para o gerente de pesquisas do Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (Gapes), Túlio Gonçalo, “o vazio é sim a principal estratégia para a diminuição de inóculo da ferrugem asiática”. Ele também atribui à queda na infestação da doença na região fatores como a escolha de variedades mais precoces (100 a 110 dias); o plantio no começo de outubro, quando o clima permite; e a utilização dos fungicidas no momento correto.
Alteração do vazio sanitário
Demanda recorrente de produtores do Sudoeste goiano, a antecipação do fim do vazio sanitário não deve ocorrer em 2017. Eles defendem a padronização do calendário ao Mato Grosso e ao Mato Grosso do Sul como forma de reduzir a pressão da ferrugem vinda de propriedades vizinhas localizadas nesses Estados, e também aproveitar possíveis chuvas no final de setembro. Mas de acordo com a Mário Sérgio, da Agrodefesa, a data final de 30 de setembro está mantida.
O órgão participou de reuniões com as agências de defesa do MT e MS para avaliar a possibilidade de unificar as datas do vazio, que nessas localidades vai de 15 de junho a 15 de setembro. Porém, decidiu-se pela manutenção do cronograma já vigente em Goiás.
“Apesar do calendário deles permitir o plantio a partir de 16 de setembro, os municípios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul próximos à divisa não plantam antes de outubro assim como em Goiás, porque lá a cada 10 anos somente em dois ocorrem chuvas suficientes para plantar em setembro”, afirma Mário Sérgio.
Além disso, o coordenador da Agrodefesa explica que é complicado estabelecer diferentes datas de vazio sanitário dentro do mesmo Estado, tal como é feito atualmente com a cultura do feijão. “Sempre tem aquele produtor que fica na divisa; de um lado ele pode plantar numa época, do outro, não pode. Isso prejudica produtores e dificulta muito o processo de fiscalização.”
De qualquer forma, a Agrodefesa já solicitou ao Mapa a reativação da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal, onde as regras do vazio sanitário em Goiás poderão ser discutidas com órgãos governamentais, institutos de pesquisa, universidades e entidades do setor produtivo. Conforme as normas atuais, a multa para quem não elimina as plantas voluntárias de soja em suas áreas é de R$ 250 por hectare, podendo chegar a R$ 50 mil.