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Governador Tarso Genro diz que Rio Grande do Sul está em situação de desarranjo estrutural

Estado enfrenta déficit de até R$ 500 milhões e sofre com constantes estiagensO Rio Grande do Sul, de quase 11 milhões de habitantes, tem uma economia forte, baseada no agronegócio e na indústria. O Estado também ostenta bons índices de desenvolvimento humano, mas, como a maioria dos Estados, enfrenta problemas na área de infraestrutura.

Nos primeiros dias de governo, Tarso Genro tenta colocar as contas em dia. Cálculos apontam que o déficit do Estado pode chegar a R$ 500 milhões só este ano. Para responder a isso, o governador busca o crescimento econômico, a redução das despesas públicas e a reorganização da Previdência pública estadual. Tarso, que foi ministro da Educação, da Justiça e de Articulação no governo Lula, implanta iniciativas originadas na esfera federal, como o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e o Programa de Segurança Pública com Cidadania.

Agência Brasil – Qual foi a situação econômica que o senhor encontrou ao assumir o governo do Estado, e quais foram as primeiras medidas tomadas?
Tarso Genro –
A situação financeira do estado é de desarranjo estrutural, não se trata de uma mera crise conjuntural. É um processo que vem há mais de 30 anos. E isso obriga os governantes a trabalharem com déficit. Esse déficit percorreu o governo do estado durante um largo período, e continuará percorrendo.

ABr – O quer pode ser feito para sanar esse déficit?
Tarso –
A nossa resposta para isso é o crescimento da economia do estado, investimentos fortes para promover o crescimento, melhorar a arrecadação, tecnicamente qualificar o processo arrecadatório, modernizá-lo, racionalizar as despesas públicas de maneira adequada. E com isso obter espaço fiscal inclusive para contrair empréstimos internacionais, como já estamos fazendo. O estado tem uma situação de desarranjo completo, mas não é um estado ingovernável. Quando nos candidatamos, sabíamos que essa era a situação, por isso estamos preparados para enfrentá-la.

ABr – Qual é o tamanho desse déficit?
Tarso –
O déficit para este ano está previsto em torno de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões. Nós temos os depósitos judiciais que são usados para cobrir o déficit, mas se paga juros para isso. Então lançamos mão de empréstimos que estão à disposição para momentos de emergência. Não estamos prometendo nenhum tipo de medida violenta ou fantasiosa para solucionar as questões de estado. Mas, de qualquer forma, as grandes questões programáticas e mudanças de modelo de desenvolvimento estão sendo encaminhadas de maneira adequada.

ABr – Recentemente, o estado sofreu as consequências das chuvas no Sul e, todos os anos também sofre com a estiagem. Existe alguma previsão de aumento de recursos para a Defesa Civil?
Tarso –
Nós temos uma defesa civil muito boa, estivemos em cima do laço nos acontecimentos climáticos que tivemos no Estado e temos condições de dar uma resposta imediata a qualquer tipo de catástrofe que sejam deste porte que o Estado possa enfrentar. Atualmente estamos fazendo um programa de ajuda para municípios que forem atingidos, inclusive com ajuda do próprio governo federal.

ABr – O fato de o senhor ser do mesmo partido do governo federal, e já ter ocupado diversos ministérios no governo Lula, ajuda no relacionamento com o governo Dilma e na captação de recursos para o estado?
Tarso –
O Rio Grande do Sul estava de costas para a União. Agora, nós estamos de bem com o governo federal, não se trata de nenhum tipo de compadrismo. É uma relação federativa onde o estado e a União, juntamente com os municípios, atuam de forma articulada, sistemática, para desenvolver determinadas políticas públicas que são de importância para todos, e isso antes não ocorria. Isso realmente foi uma mudança muito grande aqui no estado, que é muito sentida pela população.

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