A produção de milho segunda safra está chegando ao final e a situação dos agricultores não está boa. Além dos preços baixos, que muitas vezes não cobrem o custo de produção, o governo ainda não pagou os prêmios de Pepro referente aos leilões de milho comprado ainda no ano passado. O atraso causou indignação dos produtores e tirou a credibilidade do governo federal.
– Precisamos que os produtores recebam esses prêmios, porque não tem como esperar um ano por isso. Nós estamos colhendo a safra 2014 e ainda não recebemos os prêmios referentes a 2013, é um atraso muito grande. Esse é um dinheiro que está no orçamento dos produtores. Se ele não receber, ele vai precisar procurar recursos em outras instituições, vai pagar juros altos e, com isso, ter um aumento no seu custo de produção – protesta Laércio Pedro Lens, presidente do Sindicato Rural de Sorriso.
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A Coavil, uma cooperativa de Sorriso, com 40 associados participou dos leilões de Pepro. O volume a receber passou dos R$4,3 milhões. Até agora, apenas R$1,6 milhão foram pagos. O último pagamento foi feito há quase um ano.
Era para sair todos os prêmios entre dezembro e janeiro. Já estamos em julho e ainda não apareceu o pagamento. O produtor tem que ir ao mercado, muitas vezes paga juros, com dinheiro a receber. Essa é a vida do agricultor. Isso é preocupante porque a safra chegou e não recebemos. Apenas promessas – reclama o presidente da Coavil, João Carlos Turra.
Segundo os produtores, o ministro da Agricultura, Neri Geller, afirmou que a demora no pagamento dos prêmios de leilões Pepro aconteceu por problemas na superintendência da Conab em Mato Grosso.
– O que o ministro nos passou é que o problema está na Conab, que não repassou os processos para Brasília. Ele afirmou que existe o dinheiro, mas só é pago quando o processo chega para o Ministério. Estamos verificando com a Conab se isso é verdade, pois falaram que o prêmio é pago após 10 dias da chegada desse processo – explica Lens.
E a situação parece que não vai melhorar. O ministro Nei Geller se reuniu na semana passada com os produtores de Sorriso (MT) e anunciou que o governo não tem dinheiro para realizar novos leilões para pagar os prêmios da próxima safra.
– O ministro diz que não tem dinheiro de prêmio para esta safra. Isso é preocupante e já houve um contato com o Ministério da Fazenda. Com certeza iremos manter essa interlocução para chegar a um denominador comum, porque senão a situação vai ficar pior ainda – lamenta o presidente do Sindicato Rural de Sorriso.
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A notícia ajudou a tirar ainda mais o estimulo dos agricultores, que esperavam mais intervenções do governo em uma safra com tantos problemas na reta final. Apesar do atraso na colheita da segunda safra de milho, ela está terminando. É o caso de Sorriso, que já colheu 85% de sua produção. Até agora o resultado não foi positivo para os produtores.
– Tivemos uma redução de área em 15% em relação ao último ano. Saímos de 490 mil hectares para 420 mil, justamente pela questão de preços. Em 2014, tivemos preços na faixa de R$9,00 e R$10,00, então o produtor acabou não investindo e plantou menos. Além disso, houve problemas climáticos, com muita chuva no início e falta dela no final. Nossa produtividade reduziu drasticamente. Ainda não fechamos os números, mas devemos ter em média algo entre 80 e 90 sacas por hectare, contra uma média de 117 sacas no ano passado. Vamos ter uma diminuição de quase 35%. Saindo de 3,5 milhões de toneladas para 2,2 milhões – explica Laércio Pedro Lens.
Veja a entrevista com o Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Paludo:
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