A COP-10 determina que os países devem elaborar planos estratégicos nacionais para esta década, calculando o valor da biodiversidade nas contas públicas. A ideia é ter um indicador para medir os benefícios e prejuízos financeiros causados pelo impacto de uma atividade econômica no meio ambiente.
Segundo Cláudio Maretti, do WWF-Brasil, para proteger todas as florestas do planeta a estimativa é de custo global de US$ 40 bilhões ao ano. Entretanto, a perda financeira pelo desmatamento pode custar até 100 vezes mais, considerando, por exemplo, a extinção de fontes de matéria-prima, a diminuição de recursos hídricos e os efeitos climáticos (que ocasionam, por exemplo, grandes prejuízos com as inundações de cidades).
Maretti avalia que há empresários de diferentes setores (inclusive do agronegócio) “entendendo que a biodiversidade é parte do negócio” e que o meio ambiente deve ser tratado como “capital natural”. Essa postura rompe com a visão tradicionalista de que é inevitável a destruição ambiental para que haja desenvolvimento.
Para o secretário-executivo do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, a crise econômica mundial de 2008 “reintroduziu o crescimento predatório”, o que pode ser um risco para a biodiversidade do planeta.
? Nenhum país renuncia ao seu potencial de crescimento, mas para que a gente possa aproveitar esse potencial, precisamos conhecer antes de destruir e gerar danos irreversíveis ? disse Gaetani, que avalia que o Brasil pode ser protagonista na defesa da agenda ambiental. O país é G1 em biodiversidade ? lembra, referindo-se à extensão territorial e diversidade de biomas.
Em junho do ano que vem, o Brasil sediará a conferência Rio+20 que deverá ter como temas a transição para a chamada economia verde, com baixos níveis de poluição, tendo em vista o crescimento sustentável e o foco na diminuição da pobreza. A discussão das estratégicas, de acordo com a COP-10, prepara o país para coordenar a conferência no Rio.
? Temos que discutir na Rio +20 quais são os procedimentos adotados por todos ? defende Maretti.
Além dos empresários, o governo e os ambientalistas farão reuniões nos próximos meses com a sociedade civil; com o meio acadêmico; com os povos indígenas e comunidades locais; além das representações dos três níveis de organização da Federação (municípios, Estados e União).