Foi com um tom otimista que o presidente do Cecafé, João Antonio Lian, abriu o fórum de discussão do setor. A demanda mundial continua crescente, apesar da crise financeira global. No entanto, a receita com as exportações caiu e a queda do dólar preocupa o setor.
Apesar de especialistas afirmarem que a crise mundial não atingiu o setor e que o consumo continua em alta, outro problema afeta a cafeicultura brasileira, principalmente os médios e grandes produtores. Nos últimos quatro anos, o preço pago pela saca de café permaneceu estável na média dos R$ 250,00. Enquanto isso, o custo de produção subiu muito e hoje ultrapassa os R$ 280,00. Com preço abaixo ou igual ao custo, os produtores se endividaram. Hoje a dívida total do setor chega a R$ 4 bilhões.
Na última semana o governo prometeu converter R$ 1 bilhão de dívidas em sacas de café. Nesta segunda, novas medidas foram anunciadas. A principal delas é a redução dos juros do Funcafé de 7,5% para 6,75%. Segundo o secretário do Ministério da Agricultura, Manoel Vicente Bertone, o governo vai enviar um voto nesse sentido ao Conselho Monetário Nacional.
A portaria que autoriza o programa de opção de venda de café ao governo já foi concluída. Serão quatro leilões. O primeiro deve ocorrer no próximo mês e serão ofertadas um milhão de sacas com vencimento em novembro a R$ 303,50. Também serão ofertadas 800 mil sacas com vencimento em janeiro a R$ 309,00, 700 mil sacas para fevereiro a R$311,70 e mais 500 mil sacas vencendo em março a R$314,40. Cada produtor poderá adquirir ao todo 400 sacas. Além dessas medidas, o governo também não descarta a possibilidade de comprar café para sustentar os preços.
Para o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), a maior entidade do Brasil que reúne 9,5 mil cafeicultores, Carlos Alberto da Costa, essas medidas do governo são um começo, mas os produtores ainda esperam uma solução para o principal problema: o endividamento.