Os produtos brasileiros respondem por 65% do mercado argentino do segmento de maquinário agrícola. A denúncia é da Associação de Fábricas Argentinas de Tratores (Afat). Segundo a entidade, os atrasos nas licenças causam “grande preocupação nas empresas e provocam impactos na produção agrícola argentina.” A Afat reúne as multinacionais do setor. Várias usam peças de companhias instaladas no Brasil.
O representante da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Milton Rego, confirmou que o problema vem se agravando nos últimos meses, com grande quantidade de tratores parados na fronteira à espera de liberação.
? A OMC (Organização Mundial do Comércio) estabelece em no máximo 60 dias o prazo para licenças não automáticas, mas temos empresas que aguardam 120 dias. Já houve casos de até 200 dias ? disse Rego, que também é dirigente da Case New Holland.
Além dos atrasos, quando ocorre a liberação, não segue a ordem de chegada dos veículos, “o que atrapalha a gestão de estoque”.
A Anfavea encaminhou ao governo brasileiro pedido de intermediação nas negociações com os argentinos. Amanhã, representantes dos dois países se reunirão em Brasília. O governo Kirchner está preocupado com o baixo peso da indústria nacional no setor de tratores, entre 20% e 25%.
No setor de colheitadeiras, a proporção das máquinas feitas na Argentina é de 20%. O encontro também discutirá o comércio de autopeças. Os argentinos reclamam que o superávit brasileiro no setor é elevado. Segundo a Afat, do total de US$ 7 bilhões de déficit da Argentina em 2010 no segmento, 38% corresponde às importações do Brasil.