Governo argentino indica que pode recuar sobre barreira comercial

Exceção seria aberta a volumes controlados e a multinacionais que regionalizam a produçãoDepois de impor barreiras à importação de alimentos que competem com produtos locais, a Argentina deu sinais de que pode flexibilizar a medida, que ainda não tinha sido oficializada. Volumes controlados, suficientes para evitar a escassez, seriam autorizados pelo governo, conforme a imprensa local.

A flexibilização também se estenderia às multinacionais que regionalizam a produção e precisam importar artigos fabricados em países vizinhos. A ministra da Indústria, Débora Giorgi, indicou que alimentos importados que são demanda real do mercado estarão disponíveis nos supermercados.

Durante toda a semana, o governo argentino foi pressionado por Brasil e União Europeia a voltar atrás nas barreiras que teriam sido comunicadas verbalmente aos supermercados argentinos.

A Secretaria do Comércio Interior argentina argumenta que a barreira é necessária para proteger a indústria nacional de uma possível invasão de produtos europeus, em razão da queda do euro. O órgão também estabeleceu como meta reduzir de US$ 1,2 bilhão para US$ 900 milhões anuais as importações de alimentos para melhorar a balança comercial.

Analistas questionam os efeitos da medida, pois a Argentina exporta US$ 22 bilhões anuais em alimentos, e represálias do Brasil e da União Europeia resultariam em um efeito contrário na balança.

Diante da dificuldade de compreender a medida, o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, especula que pode estar relacionada à aprovação, pela Comissão Europeia, da retomada das negociações para um acordo de livre comércio com o Mercosul.

? A Argentina pode estar interessada em colocar uma dificuldade para a retomada das negociações, por medo de abrir seu mercado. É uma hipótese, mas é muita coincidência que justo agora, quando se fala em retomar as negociações paradas desde 2004, eles levantem esse tipo de obstáculo ? argumenta Castro.