Governo confirma R$ 300 milhões para estocagem de laranja

Com a medida, setor produtivo estima estocar o equivalente a 20% das exportações anuaisO secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, confirmou nesta quinta, dia 16, que o governo vai destinar uma linha inédita de R$ 300 milhões para as indústrias de suco de laranja comprarem a fruta a ser processada para a estocagem da bebida na safra 2011/2012.

Para operar a linha, as companhias terão de comprar a fruta pelo preço de referência de R$ 10 a caixa de 40,8 kg e devem comercializar em um ano os estoques formados. Com a medida, o setor produtivo estima estocar até 240 mil toneladas de suco concentrado e congelado, ou cerca de 20% das exportações anuais do país de 1,2 milhão de toneladas.

Como o Brasil controla 60% do mercado mundial da bebida e exporta 98% da produção, a retirada desse volume em um ano pode puxar o preço do suco e, consequentemente, da fruta. Cada uma das quatro grandes processadoras de laranja – Cutrale, Citrosuco/Fischer, Citrovita e Louis Dreyfus – terá até R$ 80 milhões em recursos para a compra da fruta, com juros de 6,75% ao ano.

A indústria, que pedia R$ 400 milhões em recursos, conseguiu ao menos ser beneficiada pela taxa de juros. A negociação caminhava para que apenas R$ 30 milhões por empresa fossem liberados com juros de 6,75% e o restante com juros de mercado, em 12,25% ao ano.

De acordo com Vaz, a operação para o financiamento de estoques de suco, após detalhada, ainda terá de passar pela votação do Conselho Monetário Nacional (CMN), cuja reunião mensal está marcada para o próximo dia 30 de junho. O governo não irá interferir, no entanto, na comercialização da bebida estocada nem nos lucros previstos para serem divididos entre a indústria e produtores, quando as exportações superarem um limite de preço.

Segundo fontes, o governo teme questionamentos de órgãos de defesa da concorrência local e mundial caso atuasse no controle de preços de venda.

? Nossa intenção é garantir um preço de referência ao produtor em uma safra grande ? disse Vaz.

No entanto, para liberar a linha de crédito, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, negociou com a indústria e com os produtores que os lucros obtidos caso a tonelada do suco comercializado no Exterior superasse US$ 2,1 mil seriam divididos na proporção de 60% para as companhias e de 40% para os citricultores.

? A indústria se comprometeu a pagar esse prêmio e essa negociação terá de ser colocada no contrato de compra da fruta do produtor ? disse uma fonte que participou das negociações.