Governo defende decreto que cria Política Nacional de Participação Social e texto não é apreciado pela Câmara

Projeto tenta anular decreto presidencial, justificando que ele afeta a competência do LegislativoO projeto que anula o decreto 8.243/14 da presidente Dilma Rousseff sobre a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e regulamenta a criação dos conselhos populares que influenciarão as políticas governamentais, deveria ter sido apreciado nesta terça, dia 5, na Câmara dos Deputados. No entanto, a bancada governista obstruiu a votação e duas audiências públicas foram realizadas no Senado, onde governo defendeu o decreto, afirmando que ele não fere a competência do Legislativo.

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– Não há porque o governo pensar em recuar. O que nós podemos, a partir do ano que vem, a depender do resultado das eleições, é pensar em um processo de debate mais amplo com a sociedade, dentro da reforma política de discutir toda participação popular, sua representatividade. Mas é outro capítulo – disse o ministro.

Gilberto Carvalho argumentou que a PNPS foi criada para “arrumar a casa” e rebateu críticas da oposição, que para ele, só querem reduzir a participação social.

– Eu gostaria de sugerir que as pessoas lessem o decreto com muito cuidado, o decreto não cria nenhuma instância nova, nenhuma estrutura nova, nenhum cargo novo, nenhuma despesa. Portanto, é balela a história que foi dita, de que viriam os conselhos populares bolivarianos, isso é, no mínimo, adjetivação de má vontade, não tem nenhuma perspectiva nesse sentido – afirmou Carvalho.

A PNPS foi criada em maio deste ano e instituiu a participação de conselhos populares para assessorar a formulação de políticas públicas. Estudiosos já debateram o decreto de autoria do deputado Mendonça Filho (DEM-PE) e para o professor de Administração Pública da Universidade de Brasília (UnB) ele mexe com a estrutura da democracia.

– Eu entendo que o decreto precisa passar por um crivo do parlamento. Diria que o Congresso Nacional tem que passar por uma revisão da própria Constituição, porque nós teríamos uma nova estrutura de democracia – comenta José Matias Pereira, da UnB.