Governo demonstra preocupação com baixos estoques de etanol

Presidente Dilma Rousseff determinou a criação de uma ampla política para o setor sucroalcooleiroA preocupação com estoques mais baixos de etanol no país levou a presidente Dilma Rousseff a determinar a criação de uma ampla política para o setor sucroalcooleiro aos Ministérios da Agricultura, da Fazenda e de Minas e Energia. Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, a ideia é acabar com ações pontuais de intervenção e incentivar a retomada de investimentos no setor para ampliar a produção do combustível.

? A presidente Dilma quer apoiar o setor e determinou aos ministérios que mexem com a questão sucroalcooleira, em especial o etanol, essa análise abrangente, e que propuséssemos um programa a ela. Queremos propor uma política que envolva o apoio ao produtor de cana e de açúcar e álcool ? disse o ministro.

Rossi deu sinais de que, em troca do apoio, o governo cobrará dos usineiros a garantia de abastecimento.

? Isso (apoio) envolve compromissos que a presidente quer colocar na mesa para o setor; quando se trata de combustíveis é preciso que a relação seja de combustíveis e não dá para fazermos duas negociações: uma com produtores agrícolas e outra com produtores de combustível ? afirmou o ministro.

Dados da consultoria Datagro, divulgados nesta terça, dia 15, na feira do interior paulista que abre o calendário de eventos do setor sucroalcooleiro, apontam que o estoque de passagem entre as safras 2010/2011 e 2011/2012 de cana-de-açúcar no Centro-Sul, em 1º de abril, será de 590 milhões de litros. O volume é suficiente para apenas 9,5 dias de consumo e só não faltará etanol porque haverá uma produção de 1,5 bilhão a 1,7 bilhão de litros do combustível, feita de forma antecipada em março, no início das operações das destilarias.

? Nós estamos com um problema de oferta, estamos no limite de passarmos o ano com margens muito pequenas ? admitiu o ministro da Agricultura.

O ministro lembrou que o avanço da frota de veículos flex no Brasil, que supera 11 milhões de veículos, ampliou a demanda pelo etanol, a qual não é minimizada quando consumidores optam pelo uso da gasolina.

? Como a gasolina tem 25% de etanol, quando há a mudança para ela, ainda assim há um consumo adicional de álcool ? explicou.

Rossi informou ter feito reuniões com todos os elos da cadeia sucroalcooleira, entre eles as empresas Copersucar, Cosan, Bunge e Louis Dreyfus Commodities, e identificou que o gargalo gerado pela crise de oferta de etanol ocorreu pela interrupção dos investimentos entre 2008 e 2009. À época, o setor vinha de dois anos de preços baixos para açúcar e etanol e foi um dos mais atingidos pela crise mundial de liquidez. Projetos de construção de novas usinas foram suspensos ou abandonados e os investimentos feitos desde então foram destinados à ampliação da oferta de açúcar, cujos preços são os maiores dos últimos 30 anos.

? Isso gerou um problema de oferta de etanol para o País. A renovação também foi atingida e a produtividade da cana despencou nos últimos dois anos ? avaliou o ministro.

Entre as demandas ouvidas por Rossi está o financiamento para o setor produtivo e para a renovação dos canaviais. O ministro não deu prazo para a apresentação do programa de apoio ao setor. Ele revelou apenas que nos próximos dias os ministérios deverão compor um quadro geral que será levado à presidente para a definição de política do setor.

Diante dos usineiros, na feira, o ministro minimizou a possibilidade de a presidente enquadrá-los para que o abastecimento de etanol seja garantido.

? A presidente considera o setor como estratégico para o País e, portanto, terá toda atenção que merece ? concluiu.