As autoridades esperadas no encontro não apareceram. A Comissão de Agricultura do Senado remarcou a audiência sobre as dificuldades de acesso aos financiamentos do governo para ter a chance de debater com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com o vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil, Luis Carlos Guedes Pinto.
Mesmo sem a presença dos convocados para a reunião, parlamentares e representantes do setor agrícola reforçaram as reclamações sobre o risco que o Banco do Brasil tem atribuído às operações de crédito rural renegociadas e inadimplentes. Diante do anúncio dos recursos do Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010, os produtores rurais querem que sejam cumpridas as regras do Banco Central que permitem reclassificar a situação de risco para facilitar o acesso aos recursos de custeio da safra
Para Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as regras têm flexibilidade autorizada pelo Banco Central.
? Exigimos que o Banco do Brasil faça isso com as operações dos produtores, se é que querem os mesmos valores da safra passada ? afirmou Kátia.
O secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, explica que os riscos mais elevados são daqueles produtores que estão inadimplentes ou renegociaram as dívidas. Segundo ele, não há como rever a classificação apenas em caso de inadimplência.
? A discussão é como aquele produtor, que por algum problema climático ou preços teve dificuldade para pagar e precisou renegociar, mas renegociou e continua adimplente, está acessando crédito, produzindo e ajudando a economia brasileira ? disse Bittencourt.
Apesar do Conselho Monetário Nacional ter dado autonomia às instituições financeiras para avaliarem o nível de risco dos financiamentos do setor rural, Banco Central e Banco do Brasil, não se entendem. A autoridade monetária diz que não tem como tornar obrigatória a reclassificação das operações.
De acordo com o Banco do Brasil, somente no ano passado foram feitas 12 mil revisões de risco. Atualmente, segundo a instituição, 85% dos agricultores que solicitam crédito estão em boa faixa de risco, enquanto os outros 15% são inadimplentes.