O secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, José Gerardo Fontelles, diz que o objetivo é ampliar por mais dois meses o período de produção de etanol e biomassa por parte das usinas. Ele explica que o encurtamento da entressafra resulta em melhor fluxo de caixa para as empresas e maior Ebitda, facilitando o pagamento dos investimentos realizados.
Segundo dados do governo, o interesse das usinas pelo sorgo sacarino ampliou a área cultivada de três mil hectares na safra 2010/2011 para 20 mil hectares na safra atual. O governo está de olho no potencial de crescimento do plantio de sorgo para até 120 mil hectares, que correspondem a menos de 10% dos 956 mil hectares de canaviais que serão renovados na próxima safra, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Um estudo elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) reconhece que a participação do sorgo sacarino ainda é tímida ante o mercado de etanol de 27 bilhões de litros. Entretanto, a empresa aposta que, em poucos anos, com a melhoria no manejo e introdução de cultivares mais produtivas, a área pode atingir 1,5 milhão de hectares e gerar um volume de etanol na entressafra de 4,5 bilhões de litros.
Para atender à demanda crescente por sementes de sorgo sacarino, já estão disponíveis no mercado quatro cultivares de alto potencial produtivo. Neste ano, a Embrapa irá colocar à disposição das sementeiras de capital nacional mais dois materiais “com ganhos significativos em produtividade e qualidade do caldo”. O plano de metas da Embrapa prevê para os próximos três anos o lançamento de híbridos competitivos de alta qualidade e curvas de maturação (planejamento industrial), visando a atender o mercado de sementes de empresas licenciadas.
Os estudos comparativos mostram que a tonelada de cana rende duas vezes mais etanol que o sorgo, mas tem custo por hectare 48% superior ao da gramínea. Dados técnicos mostram que a produção de etanol e energia a partir do etanol depende de “reengenharia leve” nos processos, equipamentos e na integração entre as duas matérias-primas. Os principais desafios estão na área agrícola, para o enriquecimento do sorgo, como novas variedades, manejo, aumento de produtividade e teor de açúcar.