Governo discute importação de laranja argentina e assusta produtores

Representantes da indústria de suco de laranja repudiaram possibilidade da liberação do produto concorrenteOs secretários-executivos do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, discutem nesta quinta, dia 14, a liberação da importação de laranja, tangerina e limão siciliano da Argentina. A discussão integra a pauta de negociações bilaterais entre os governos.

No entanto, a possível entrada de citrus argentinos assustou produtores brasileiros e a indústria de suco de laranja, pois se daria justamente quando ambos discutem com o governo o destino de um excedente da safra brasileira 2012/2013 que pode chegar a 80 milhões de caixas (de 40,8 quilos).

De acordo com a Agência Estado, uma fonte do Ministério da Agricultura admitiu que há a preocupação do governo em acatar o pedido argentino, justamente pela dificuldade de comercialização da safra brasileira de laranja. Segundo a mesma fonte, no entanto, a intenção do governo brasileiro não é negociar produto por produto e sim uma cesta completa que redimensione o déficit existente no comércio entre os dois países.

Representantes da indústria de suco de laranja procuraram o Ministério da Agricultura na tarde de quarta, dia 13, para repudiar a possibilidade da liberação nas importações. A entrada da fruta argentina no país hoje é barrada por questões fitossanitárias.

Já o presidente da Câmara Setorial da Citricultura do Ministério e presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga (SP), Marco Antonio Santos, disse que um pedido para que o governo evite a entrada da fruta do país vizinho será formalizado na pauta de negociações que o setor produtivo apresentará, na próxima segunda, dia 18, ao secretário-executivo Vaz.

Segundo ele, a pauta vai priorizar uma solução conjunta para o escoamento do excedente da safra 2012/2013 e, por isso, incluirá a manutenção do veto à fruta argentina.

– Além disso, vamos pedir a adoção de uma política de reciprocidade também com a laranja espanhola, que tem 12% de imposto para entrar aqui, enquanto pagamos no mínimo 35% de imposto para exportar para lá – disse.

O documento previsto para ser entregue a Vaz prevê que a indústria amplie o processamento na safra para minimizar o excesso de fruta. No entanto, as processadoras só aumentariam a moagem de laranja se houver a renovação da Linha Especial de Crédito (LEC) tomada no ano passado pelas companhias, bem como a prorrogação, de julho de 2012 para julho de 2013, do início da liberação de 311 mil toneladas dos estoques de suco formados com o dinheiro da LEC.

O pleito dos produtores prevê, ainda, que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) intervenha no mercado, por meio de instrumentos públicos para o escoamento da fruta, como o leilão de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP).

Agência Estado