Governo espera mudança na política americana de subsídios, afirma Celso Amorim

Brasil ainda deve decidir se vai retaliar Estados Unidos por causa dos subsídios ao algodãoO Brasil ainda não decidiu se vai retaliar os Estados Unidos por causa dos subsídios ao algodão. Foi o que disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao representante comercial do governo americano, Ron Kirk. Os dois se reuniram para discutir o assunto, em Brasília, nessa quinta, dia 17. Enquanto o governo brasileiro não decide que medidas tomar, os produtores de algodão no país podem ser beneficiados por outra disputa, entre Estados Unidos e China.

Os incentivos do governo dos Estados Unidos ao algodão foram tema de anos de disputa com o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC). A OMC considerou os subsídios ilegais e autorizou o governo brasileiro a retaliar. Na quinta, em Brasília, Ron Kirk disse que a melhor solução é um acordo. Mas ressaltou que cabe apenas ao Brasil tomar uma decisão. Já o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou apenas que espera mudanças na política americana de subsídios.

O setor de algodão no Brasil espera levar alguma vantagem, já que foi por ele que veio a vitória contra os americanos na OMC. Enquanto nada se decide, o benefício pode vir de uma disputa entre Estados Unidos e China. Maiores importadores de algodão, os chineses ameaçam interromper as compras dos americanos, principais fornecedores. Se isso acontecer, a expectativa é de que o Brasil aumente a participação no mercado chinês.

? O Brasil já exporta algodão para a China, mas os Estados Unidos é o que mais exporta para eles. Caso houvesse tarifas mais altas, abriria uma brecha muito boa para o algodão brasileiro. Muito difícil imaginar qual o volume sem saber qual a tarifa, o que seria feito. Mas eu diria que seria um volume significativo, uma vez que o Brasil, comparado às exportações americanas, faz uma pequena proporção ? avalia Marcelo Escore, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).