De acordo com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, o governo deve criar novas linhas de crédito para aumentar as condições de transporte e armazenamento da produção.
– Estão sendo definidos pontos estratégicos para fazermos novos armazéns públicos nos Estados de Santa Catarina, Bahia e outros Estados do Nordeste. Pretendemos incentivar a iniciativa privada com financiamentos e taxas de juros – antecipou o secretário.
Ele explica que o Brasil tem enfrentado problemas na área de armazenagem em consequência da alta produtividade, que tem avançado muito fortemente, e lembra que isso envolve também problemas de logística, que é por onde os produtos são escoados. A soja e o milho tiveram problemas desse tipo nesta última safra.
– Vamos participar de audiências com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para discutir a questão. Os dirigentes do banco manifestaram interesse em nos ajudar nesse ponto. E temos o aval dos ministérios da Fazenda e do Planejamento para anunciarmos nos próximos dias os contratos de opções para reposição de estoques, com o objetivo de balizar o mercado e assegurar a política de renda do produtor – destacou Geller.
Atualmente, os armazéns públicos estocam dois milhões de toneladas de grãos. A maior fatia está nos armazéns privados, que estocam de cinco a sete milhões de toneladas, segundo Geller. A previsão é de que os recursos do BNDES não sejam limitados a equipamentos, mas também a obras civis da iniciativa privada.
Uma das frentes que o governo pretende abrir à iniciativa privada é a concessão de rodovias por onde a produção é escoada.
O diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto, manifestou preocupação com o peso que o alto preço do pedágios contratados têm para o país.
– O problema não são os contratos atuais, que são mais baratos. O problema é como fazer a revisão dos antigos contratos, em especial em São Paulo, que são muito caros. Os pedágios [nas rodovias em direção] ao Porto de Santos encarecem o chamado Custo Brasil – argumentou.
De acordo com o secretário, a falta de locais para armazenagem, em certo aspecto, é boa, já que indica que a produção está avançando. Segundo ele, a safra recorde aconteceu devido à organização do setor, a uma política agrícola mais definida e à estrutura de armazenagem existente. Contribuiram também o mercado internacional aquecido, o clima favorável, os investimentos feitos em tecnologia, os investimentos em maquinários, solo e estruturas, além do crédito.
– Em especial, às facilidades que o produtor teve para acessar financiamentos públicos como o crédito rural – acrescentou Sílvio Porto. Ele cita o fato de que 45% da área plantada destinada ao milho receberam esse tipo de financiamento. O mesmo, segundo ele, se aplica a 38% das áreas onde a soja foi cultivada.
Se confirmada a estimativa da Conab, a produção de grãos será 11,3% maior do que a registrada na safra anterior.
– A produtividade também cresceu, e deverá ser a maior já registrada, com 3,5 toneladas por hectare – informou o ministro, Mendes Ribeiro Filho.
A expectativa é que a produção continue avançando e que apresente números ainda melhores.
– Podemos, sim, chegar a uma produção de 200 milhões de toneladas na próxima safra – estimoue Geller.