Governo estuda importar algodão para suprir escassez

Indústria têxtil está com pouca matéria-prima para produzirO governo estuda uma forma de importar algodão com condições favoráveis para suprir o desabastecimento do produto no Brasil. A informação foi divulgada pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, após participar de reunião com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.

? Discutimos condições para uma eventual incorporação de algodão para suprir uma pequena queda da produção e a venda antecipada do produto brasileiro para o Exterior ? disse. Ao sair do encontro com o colega do Desenvolvimento, Rossi não deu mais detalhes a respeito das condições diferenciadas de importação do produto. Tampouco apresentou prazos para que a medida entre em vigor.

No início do ano, aproveitando a disparada dos preços no mercado internacional, os produtores de algodão fecharam vendas antecipadas para o Exterior. Agora, a indústria têxtil nacional se vê sem matéria-prima para produzir. O maior problema, segundo apurou a Agência Estado, não é com a produção atual, mas com as encomendas para o final do ano, quando a demanda aumenta por conta das festas de final de ano.

Aves

No encontro, Miguel Jorge e Rossi discutiram também sobre uma missão em conjunto para a Rússia. O maior interesse da viagem é o mercado de frango. Atualmente, 95% das vendas brasileiras de aves são carimbadas para a Europa e os Estados Unidos, e o Brasil quer diversificar a venda para outros países.

Carnes

Rossi informou também que a retomada da exportação de carne bovina para os Estados Unidos, que foi suspensa por conta da existência de vermífugo no produto acima dos padrões norte-americanos, será feita no início de setembro. Inicialmente, a projeção da volta das vendas era para o final de julho e, depois, para agosto. A expectativa era mais otimista porque a suspensão da comercialização foi uma iniciativa do governo brasileiro, mas, depois, os americanos quiseram ter conhecimento dos exames laboratoriais feitos nos produtos.

O tema não foi tratado na reunião com o ministro do Desenvolvimento, mas Rossi explicou que o prazo final para a comprovação da eficiência do plano de trabalho está próximo. O plano de trabalho foi elaborado pelo governo em conjunto com os frigoríficos e exames estão sendo realizados para comprovar que a carne terá o nível de vermífugo aceito pelos americanos.

Pequenos e médios

O ministro da Agricultura relatou ainda que teve uma reunião com representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pela manhã. De acordo com Rossi, a Abiec está preocupada com a situação financeira dos pequenos e médios frigoríficos e pediu a formulação de uma política específica do governo para o setor.

Segundo Rossi, a mesma solicitação foi feita aos ministros do Desenvolvimento e da Fazenda, Guido Mantega, em reuniões anteriores.

? Claro que queremos dar um apoio a estes industriais da carne que têm sofrido um pouco com dificuldades momentâneas financeiras ? disse Rossi.

? Estamos analisando um pouco mais estruturalmente a situação dos pequenos e médios ? continuou.

Ele disse que aguardará um demonstrativo do setor – com dados da situação das empresas e do volume de empregos – solicitado por Mantega. Com isso, a “lição de casa” estaria com os frigoríficos. A expectativa é a de que, até o final da semana, os números sejam apresentados ao governo.