Estudado pelo governo há cerca de dois anos, o programa deve mudar a forma de conduzir a propriedade rural de no máximo quatro módulos fiscais. As tradicionais linhas de empréstimo deixarão de ser direcionadas para apenas um cultivo. A produção familiar vai ter que integrar também outras atividades como a produção de grãos e a criação de animais na mesma área.
Além disso, as mudanças e o desenvolvimento das atividades terão que ser acompanhadas por um responsável técnico. Em uma alusão ao médico de família, que faz visitas contínuas aos pacientes, o técnico de extensão rural passará a visitar com frequência a propriedade.
? O trabalho todo tem uma mudança bastante forte porque ele está todo baseado no trabalho da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). É o que a gente chama de técnico de família. Será um técnico que, juntamente com uma equipe, num primeiro momento vai fazer um diagnóstico, um levantamento completo da situação atual dessa unidade familiar, com todo seu patrimônio e sistema de produção. Com base nessas informações, eles farão um planejamento de curto, médio e longo prazo para o desenvolvimento sustentável dessa unidade familiar ? diz o coordenador de Crédito do Pronaf, Mauri Andrade.
A ideia, neste primeiro momento, é atender entre 60 e 70 mil agricultores familiares. Para isso, serão escolhidos 30 municípios em cada Estado brasileiro. Nessa conta, estão incluídos também os 43 municípios que mais desmatam a Amazônia Legal. O Ministério do Desenvolvimento Agrário ainda não tem uma data, mas os responsáveis pelo projeto afirmam que o Pronaf Sustentável começará a ser implantando na próxima safra. Um programa de computador está sendo elaborado para auxiliar o trabalho do técnico de família.
? Para que esse técnico tenha um suporte de trabalho, nós já estamos trabalhando há quase dois anos no desenvolvimento de um software bastante desafiador, já que ele terá que unificar todos os procedimentos do país e atender a todas as atividades que são exploradas pelo agricultor familiar no país. Além disso, a ferramenta deve funcionar de forma simples, para que esse técnico possa fazer toda a impostação de dados que ele levantar a campo e tenha a possibilidade de fazer simulações junto com a família, vendo qual é a maior estrutura produtiva e sugerindo diversificação de produção ? acrescenta Andrade.
Aos poucos, o governo pretende substituir o Pronaf tradicional pelo sustentável. Porém, para isso, esbarra no número de técnicos dos serviços oficiais de extensão rural. São 16 mil no país, mas seriam necessários 20 mil para atender exclusivamente aos mais de dois milhões de agricultores familiares brasileiros.