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Governo fará de tudo para eliminar especulação cambial, diz boletim

Documento destaca que atualmente tem ocorrido um movimento de valorização de moedas locais nas economias emergentesO governo usará todos os instrumentos para eliminar novo movimento especulativo no câmbio. O aviso consta da oitava edição do boletim Economia Brasileira em Perspectiva, divulgado nesta quinta, dia 21. O documento destaca que, atualmente, em virtude da diferença de ritmo de crescimento entre economias emergentes e desenvolvidas e do protecionismo cambial nas economias avançadas, tem ocorrido um movimento de valorização de moedas locais nas economias emergentes.

Na avaliação da Fazenda, o forte ingresso financeiro intensificado desde setembro e reforçado pela capitalização da Petrobras voltou a pressionar o real. Isso fez com que o Ministério da Fazenda voltasse a elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa.

O Ministério da Fazenda avalia, no boletim, que a trajetória de desvalorização do dólar vai permanecer enquanto a economia dos Estados Unidos não se recuperar da crise. No Brasil, destaca o boletim, o forte crescimento econômico, a relação entre risco e o retorno dos ativos baseados em real e as perspectivas de crescimento futuro tem fomentado a entrada de capitais estrangeiros no Brasil.

O documento traz uma tabela que mostra que o ganho dos investidores com as chamadas operações de carregamento (“carry trade”) no Brasil é um dos maiores do mundo, perdendo apenas para África do Sul e Austrália.

? A participação da moeda brasileira nas transações em mercados futuros e opções ampliou-se ao longo do ano, figurando nas primeiras posições com maior número de transações no mercado global de derivativos ? destaca o boletim.

Segundo a Fazenda, essa posição reflete a solidez da economia, o amadurecimento do mercado de capitais brasileiro e a atratividade de capitais pelo elevado diferencial de taxas de juros no mercado internacional.

Ainda de acordo com a Fazenda, o primeiro semestre de 2010 foi marcado por forte volatilidade e aversão ao risco por parte dos investidores, devido à possibilidade de quebra de bancos europeus e à desvalorização do euro. A partir do final de julho, com a redução das incertezas, a busca de retorno por parte dos investidores em fundos hedge, e a sinalização do Banco Central americano de desvalorizar sua moeda, o fluxo de capital cresceu para países como o Brasil. O aumento da liquidez e os juros brasileiros atraíram investidores que buscam retorno nos juros e no mercado de câmbio.

O documento da Fazenda traz as posições no dia 11 de outubro dos contratos na BM-F Bovespa. Nos contratos de futuro e de cupom cambial, os bancos estão comprados (apostam na desvalorização do real) em R$ 5,3 bilhões. Já os investidores estrangeiros estão vendidos (apostam na valorização do real) em R$ 7,6 bilhões. Nos contratos de futuro de taxa de câmbio, os bancos estão comprados em R$ 13,9 bilhões e os investidores estrangeiros estão vendidos em R$ 14 bilhões. Nos contratos de swap cambial os bancos estão vendidos em R$ 398 milhões e os investidores estrangeiros comprados em R$ 473 milhões.

Reservas
O Brasil elevará sistematicamente suas reservas nos próximos anos, prevê o boletim da Fazenda. O Brasil está entre os maiores detentores de reservas internacionais do mundo, mas o documento destaca que em porcentual do PIB, o país ainda tem as suas reservas em patamar baixo, se comparado a outras economias. Pelos dados da Fazenda, as reservas internacionais brasileiras correspondiam em agosto a 13,23% do PIB.

Devido à baixa relação entre as reservas e o PIB, ao dinamismo da economia brasileira e ao elevado retorno financeiro proporcionado pelo diferencial de juros é que o Ministério da Fazenda acredita que há espaço para o aumento das reservas internacionais.

IED
O Ministério da Fazenda projeta o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) de US$ 33 bilhões para 2010 e para 2011. Segundo o boletim, as expectativas de crescimento da economia desde 2007, o grau de investimento concedido ao Brasil pelas agências de classificação de risco e os programas de investimento possibilitaram o aumento significativo do nível de IED.

Para a Fazenda, tem havido uma melhora do perfil da dívida externa brasileira. Pelas previsões do Ministério, em 2010 a composição da dívida fechará o ano da seguinte forma: 37% de investimento direto; 31,3% de ações; 18,5% de renda fixa e 13,2% de outros passivos.

Balança comercial
O boletim Economia Brasileira em Perspectiva avalia que o superávit comercial brasileiro com os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) tem compensado o recente déficit na balança comercial com os Estados Unidos. Segundo o documento, os EUA, que até há pouco tempo eram o principal parceiro comercial brasileiro, com resultados superavitários para o Brasil, passaram a vender mais do que a comprar do país, mas em contraposição o crescimento dos embarques para os membros do Bric anulou a perda ocorrida com o tradicional parceiro.

No acumulado de 12 meses até agosto deste ano, a balança comercial brasileira registra um déficit de US$ 6,2 bilhões com os EUA e um superávit de US$ 6,0 bilhões com o Bric. Com o total do mundo, o superávit no mesmo período foi de US$ 17,1 bilhões.

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