Para reverter o quadro, o Ministério vai formar, nos próximos meses, com Estados e municípios, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), um modelo integrado de vigilância em saúde relacionado a agrotóxicos. O objetivo é garantir que, até 2015, todas as secretarias de Saúde do país tenham um protocolo mínimo para atuar em casos de intoxicação.
Pela iniciativa, os estados vão receber recursos do Ministério da Saúde para compra de equipamentos e viaturas, estruturação de laboratórios, entre outros. Os valores ainda não foram definidos.
Além disso, o Ministério da Saúde vai desenvolver, este ano, em parceria com diversos centros de pesquisa, um levantamento no país para reunir informações sobre as características da exposição humana aos agrotóxicos. O estudo trará informações divididas por regiões. O diretor explicou que o edital para o projeto já foi publicado, e os pesquisadores interessados devem enviar suas propostas de trabalho até 10 de maio.
Agrotóxicos também preocupam especialistas
O uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras brasileiras preocupa cada vez mais especialistas da área de saúde. A aplicação de substâncias químicas para controlar pragas nas plantações e aumentar a produtividade da terra acaba se tornando um problema para os trabalhadores rurais e consumidores.
De acordo com o professor Fernando Ferreira Carneiro, chefe do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB) e um dos responsáveis pelo dossiê, as pesquisas indicam que o uso dos agrotóxicos ocorre no país de forma descontrolada.
– O Brasil reforça o papel de maior consumidor mundial de agrotóxicos e nós, que fazemos pesquisas relacionadas ao tema, vemos que o movimento político é para liberalizar o uso. A ideia desse dossiê é alertar a sociedade sobre os impactos do consumo massivo, sistematizando o que já existe de conhecimento científico acumulado -, disse.
Um dos estudos que fazem parte do dossiê foi desenvolvido pelo médico e doutor em toxicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Vanderlei Pignatti. Ele conduziu análises ambientais e examinou a urina e o sangue de professores e moradores das áreas rurais e urbanas das cidades de Lucas do Rio Verde e Campo Verde, em Mato Grosso. Os municípios estão entre os principais produtores de grãos do Estado.