Na avaliação do secretário de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Gerardo Fontelles, o plano pretende propiciar as condições necessárias para atrair investimentos privados e a retomada de crescimento do setor.
O plano governamental apoia-se em três medidas. A primeira é a renovação de 6,4 milhões de hectares de cana-de-açúcar até 2015, com um custo estimado em R$ 29 bilhões, com a recuperação da produtividade do canavial. Hoje, a idade média dos canaviais está acima do ideal, com canas acima do 6º corte.
A segunda ação é atender à capacidade instalada das usinas. O governo vai investir R$ 8,5 bilhões em 1,4 milhão de hectares. A meta anual para ampliação do canavial engloba 355 mil hectares, com valor estimado em R$ 2,1 bilhões. De acordo com dados do setor, a maioria das indústrias está atuando abaixo de sua capacidade máxima de processamento da cana-de-açúcar. A ociosidade média estimada das usinas é de 16%.
A terceira medida consiste em elevar a oferta de matéria-prima para as indústrias. A demanda por etanol prevista, até 2015, vai exigir ampliação das áreas de produção de cana-de-açúcar em 3,8 milhões de hectares que envolverão recursos na ordem de R$ 23 bilhões.
O governo está propondo à apreciação do Conselho Monetário Nacional uma linha de financiamento à estocagem de etanol para que as usinas produtoras possam distribuir a produção ao longo do ano. O procedimento retira parte da produção durante a safra e a recoloca no mercado na entressafra, diminuindo as flutuações de preços do produto, além de assegurar o abastecimento estável do combustível. Com o consumo doméstico projetado em 1,9 bilhão de litros por mês e o financiamento de 70% deste estoque, estima-se um programa de R$ 4,5 bilhões ao ano.
As medidas contarão com o trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na pesquisa de novas variedades de cana. Um dos estudos busca o desenvolvimento de variedades resistentes à seca e adaptadas à região Centro-Oeste, com recursos previstos de R$ 40 milhões, entre 2012 a 2015. A Embrapa também desenvolverá tecnologias para a produção de etanol celulósico, fundamental para o aproveitamento da biomassa da cana-de-açúcar.
O planejamento do setor prevê ainda a organização dos produtores rurais em associações e cooperativas a fim de otimizar sua participação na cadeia produtiva sucroalcooleira, até mesmo assumindo unidades de produção paralisadas. Espera-se capacitar os agricultores por meio de cursos, dias de campo, palestras e seminários para utilização das novas técnicas produtivas e tecnologias existentes.
MATO GROSSO
O diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool), Jorge dos Santos, elogiou o plano anunciado, mas ressaltou que o setor está na expectativa de que desta vez os recursos cheguem de fato às instituições financeiras no Estado.
Santos explicou que as usinas até agora não conseguiram acessar os financiamentos do programa Prorenova, lançado no mês passado pelo BNDES, pois os bancos alegam não dispor das regras para concessão do crédito. O mesmo ocorre com o financiamento para estocagem de etanol, aprovado em dezembro pela presidente Dilma Rousseff, que ainda depende de regulamentação pelo Conselho Monetário Nacional.
Santos afirmou que, para suprir a falta de matéria-prima, as usinas de Mato Grosso investiram recursos próprios na ampliação de 20 mil hectares de canaviais. Os 220 mil hectares que serão cultivados nesta safra permitirão o processamento de cerca de 14,1 milhões de toneladas de cana, ante as 13,1 milhões processadas na safra passada. Ele calcula que Mato Grosso precisa aumentar a área em mais 30 mil hectares, para 250 mil hectares, a fim de retomar aos patamares de 15 milhões a 16 milhões de toneladas de cana.