As licitações para as construções de canais iniciam neste mês. Dependendo do projeto, elas se estendem até o próximo ano. Em 2014, alguns dos canais já devem estar em pleno funcionamento. O programa atinge todos os Estados da região Nordeste, além de Roraima, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Para a construção dos açudes, canais de irrigação, bombas e estações elevatórias, o governo contribuirá com R$ 3 bilhões e a iniciativa privada com R$ 7 bilhões. O empresário que investir na infraestrutura terá o direito de concessão da ocupação agrícola, que deve variar de 35 a 45 anos. O mesmo canal criado por ele também beneficiará os médios e pequenos agricultores da região.
– Na verdade, estamos fortalecendo as bases do nosso modelo de desenvolvimento, no qual o estímulo da produção, o desenvolvimento regional e a inclusão social têm de caminhar juntos. Nós vamos irrigar a terra para produzir mais, para gerar mais empregos, mais renda – afirma a presidente da República, Dilma Rousseff.
As ações serão voltadas para regiões produtoras de biocumbustíveis, frutas, leite, carne e grãos.
– Além desses investimentos em infraestrutura de irrigação, temos os investimentos na fazenda. Por exemplo, para uma cultura de uva, um investimento em um hectare chega a R$ 80 mil, mas para a cana-de-açúcar, você tem em torno de R$ 15 mil por hectare – acrescenta o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra.
O sociólogo Sérgio Sauer, da Universidade de Brasília, no entanto, lança dúvidas sobre a efetividade do sistema de irrigação para os agricultores familiares.
– Os Estados do Nordeste têm uma concentração significativa de agricultores familiares, mas a maioria deles não é beneficiada por projetos de irrigação. Grande parte dos projetos estão na produção, por exemplo, de frutas para exportação, feita pelo setor empresarial – aponta.
O secretário nacional de Irrigação, Guilherme Orair, assegura que os pequenos agricultores serão mantidos nas regiões, e para custear a irrigação dentro da propriedade, eles contam com juros menores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) ou dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Nordeste (FNE).