A decisão foi anunciada durante o lançamento da 13ª edição da Showtec, uma das principais feiras agrotecnológicas de Mato Grosso do Sul, que acontece entre os dias 2 e 4 de fevereiro. A homologação do decreto de emergência levou em conta os prejuízos causados pela falta de chuva na região sul, onde está concentrada a maior parte da produção de grãos estadual. Em Dourados, parte dos 140mil hectares cultivados com soja já sofreu as conseqüências da estiagem.
? Essa decisão foi tomada por um grupo de entidades que avaliou tecnicamente a situação e definiu o pedido de emergência, que poderá ser um instrumento para o produtor que quiser renegociar as dívidas após a colheita ? explica o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Marisvaldo Zeuli.
A estimativa da Secretaria de Agricultura do município é de que a seca provoque uma redução de pelo menos 40% na produtividade das lavouras, um prejuízo calculado em aproximadamente R$ 115 milhões. A queda na produção deve causar um efeito cascata e prejudicar a economia local.
? As estimativas indicam um comprometimento de 10% do PIB do município como consequência da seca ? diz o secretário Maurício Peralta.
Além da agricultura, a pecuária também está sentindo os efeitos da estiagem. Dono de um rebanho com 500 animais, o criador Gino José Ferreira explica que com a escassez de água entre outubro e dezembro, as pastagens não se desenvolveram como o esperado, o que já está tornando os gastos maiores.
? Esses reflexos também serão sentidos durante o inverno, já que a pastagem demorou a crescer e, consequentemente, pode faltar pasto na época do frio ? afirma.
As plantações de outros municípios da região sul do Estado também estão sofrendo com a seca. A previsão é de que Caarapó, Rio Brilhante, Itaporã, Douradina, Sidrolândia, Bataiporã, Maracaju e Laguna Caarapã sejam os próximos a pedir que o governo estadual acate o decreto de emergência. A situação deve reduzir a quantidade de soja produzida nesta safra em Mato Grosso do Sul. A previsão inicial era de 4,8 milhões de toneladas. Agora, a expectativa é de que sejam colhidas no mínimo 300 mil toneladas a menos.