Melhorar a logística precária na região do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia está na mira do governo federal
Fernanda Farias
Na região chamada como Mapitoba, composta por Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, problemas sérios na malha rodoviária estão fazendo com que os representantes das entidades agrícolas sugiram a criação de uma agência para tratar da logística da região.
Nem todo mundo sabe, mas percorrer rodovias asfaltadas pelo interior do Brasil às vezes só é possível porque os produtores rurais investiram recursos próprios nessas obras.
– A maioria dos produtores conserva suas estradas, nós não temos investimentos dos governos estadual e federal – reclama o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Maranhão (Aprosoja-MA).
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O investimento é necessário porque o agricultor precisa escoar a produção das lavouras até as empresas e portos para que ela seja exportada. A falta de investimentos provoca situações como a que encontramos no Piauí. A Transcerrados corta o Estado em 315 km de extensão. Mas a pavimentação, que começou em 2013, parou e 200 km ainda são de estrada de terra.
– O leito foi preparado para um asfalto, mas não foi cascalhado, ele estava solto. Então fica cedendo com o peso dos caminhões, que não estão com excesso de carga. Estão com carga adequada para o asfalto, mas a estrada não suporta. Essas obras foram abandonadas e quando forem retomadas vai implicar em um custo maior – explica o presidente da Aprosoja-PI, Moyses Barjurd.
Outro entrave para a produção agrícola é a pouca malha ferroviária.
– Se tivesse escoamento através de trem seria bem mais fácil. A gente pegaria um preço melhor no produto final – comenta o produtor rural da Bahia Jaime Morais.
No Tocantins, apenas dois terminais opera: um em Palmeirante e outro em Porto Nacional, inaugurado em fevereiro deste ano. A região sul de Tocantins, responsável por 450 mil toneladas de soja, carece dessa opção de modal.
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Em Gurupi, uma licitação para construção de um terminal chegou a ser aberta em 2012. A empresa Fazendão Agronegócio venceu com o custo inicial de R$ 1 milhão, mas o terminal não foi erguido.
– A Valec cancelou a licitação e todo processo do pátio de Gurupi ficou suspenso. Em 2014, fizeram uma nova licitação, só que aumentou em oito vezes o valor que tinha saído da licitação em 2012. Não teve nenhum interessado, inviabilizando o processo.
Agência de logística
Uma esperança para os agricultores do Mapitoba foi levantada pelo próprio governo federal. O Ministério da Agricultura pensa em criar uma agência de desenvolvimento para a região. Único representante do setor produtivo na primeira reunião realizada em Brasília, o presidente da Associação dos Agricultores Irrigantes da Bahia (Aiba), Júlio César Busato, explica que a agência será formada pelos governos, federal, estaduais e municipais, além de entidades ligadas ao agronegócio.
– Se depender da nossa vontade, ela sai o mais rápido possível. Só estamos vendo qual a melhor maneira de isso acontecer, para resolver os problemas que estão sendo um entrave para que a região se desenvolva. Para ter uma ideia, o algodão que nós produzimos viajar 1.800 km até o Porto de Santos ou 2.000 km até Paranaguá – comenta o presidente da Aiba.
– Nós temos um custo um pouco maior aqui no Norte porque os insumos vêm de caminhos do Centro-Oeste. O que a gente pegar um preço a mais na soja vai gerar equilibro para encostar no resto do Brasil – afirma o presidente da Aprosoja-PA, Vanderlei Ataídes.
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