Há treze anos, o agricultor Adilson Roncaglia decidiu mudar do manejo convencional para o orgânico. Logo que começou, teve alguns problemas, sendo a falta de recursos para a transição o maior deles. A maneira que ele encontrou foi aplicar todas as reservas pessoais. O produtor afirma que a ecolha foi certeira e vê o mercado com bastante otimismo.
– É muito bem-vindo, porque o produtor convencional, como eu já fui, muitas vezes desconhece as possibilidades da produção orgânica e não acredita, fala ‘Ah, não dá pra produzir orgânico. É impossível!’, e não é. A questão é a pessoa buscar o conhecimento, ter um interesse e até a disposição financeira pra conseguir iniciar um projeto novo – diz o produtor.
Foi aliado a exemplos como esse que o governo lançou o projeto. A ideia é auxiliar produtores que também querem entrar neste nicho de mercado, mas que estão com falta de recursos.
– Existe problemática de infraestrutura local, existem demandas de assistência técnica, existe todo um custo de certificação dessa produção orgânica, quando conseguida, né? Então, sem esse financiamento, é muito difícil do agricultor, do pequeno agricultor, do agricultor familiar, se converter em orgânico – indica a presidente da Associação de Agricultura Orgânica (AAO), Ondalva Serrano.
Com o novo projeto, o financiamento pode chegar a R$ 100 mil para o agricultor pessoa física e até R$ 400 mil para cooperativas ou associações que queiram mudar do sistema convencional para o orgânico. A carência é de quatro anos e o produtor tem até sete anos para quitar o valor. O projeto inclui também o estímulo à produção de sementes, que é um dos grandes entraves na expansão do setor.
– Agora, para ser orgânico, a semente também terá que ser orgânica. Nós já estamos prevendo para este ano a oferta de sementes de arroz, milho, feijão e batata semente. Já estamos preparando material para cebola, pimentão, quiabo e outras hortaliças também. Nos próximos anos, teremos condições de ofertar. Hoje, a maior parte das sementes de hortaliças são importadas – aponta a secretária de Agricultura de São Paulo, Mônica Bergamaschi.
– O que nós não podemos ter é burocracia e gastos inúteis. Agora, preservar o meio ambiente é dever de todos. A doutora Mônica vai verificar direitinho a maneira mais rápida de fazermos tudo isso. Acho que tem casos que a gente pode liberar, pode não ter exigência. E outros casos que houver exigência, fazê-lo rapidamente – diz o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Quem já tem o hábito de comprar só produtos ôrganicos diz que sente a diferença em relação aos convencionais.
– Sem dúvida tem bastante diferença. Todas as frutas são bem mais saborosas, apesar de a gente não encontrar tantas opções como a gente encontraria em um supermercado onde a produção é convencional, com agrotóxicos – opina a estilista Juliana Galbetti.