A pior chuva de granizo foi registrada no dia 26 de novembro, e atingiu considerável parcela do território de São Joaquim. Durante 30 minutos, pedras de gelo castigaram os pomares de maçã, que nesta época do ano estão do tamanho de bolas de pingue-ponge.
São Joaquim responde sozinha por 25% da produção brasileira e Santa Catarina ocupa a liderança nacional da produção da fruta. O município colheu 230 mil toneladas de maçãs na safra passada. A atividade é responsável por cerca de 70% da economia local, que gira em R$ 28 milhões por ano.
A safra 2012 vinha bem até novembro. O inverno foi muito bom e atingiu mais de 900 horas de frio – soma das temperaturas abaixo de 7,2ºC durante a estação. O mínimo exigido pela variedade Gala, que representa 40% da produção local, é de 500 horas. Já a Fuji, que responde por quase 60% e é considerada a melhor maçã do mundo, precisa de pelo menos 700 horas nesta temperatura.
Ou seja, o frio foi mais que suficiente. Aliado à altitude acima de mil metros e à variação térmica entre o dia e a noite, ele garante características importantes ao fruto, como formato, cor e sabor. O clima animou os produtores no inverno, mas o otimismo acabou no final de novembro. A queda do granizo não destruiu os frutos, mas vai derrubar os preços.
O agrônomo Marcelo de Liz explica que a maçã de maior qualidade, a Cat 1, que seria vendida a R$ 0,65 o quilo pelo produtor, agora mal chegará a R$ 0,10 por estar deformada e pouco atrativa para os exigentes consumidores do Sudeste do país, principal mercado da maçã da região.
Perdas se acumulam e dívida de produtores cresce
Henrique Rissi Pereira, 64 anos, e o filho Roberto Carlos Pereira, 28 anos, que há mais de duas décadas produzem maçã na localidade de Luizinho, a 27 quilômetros do Centro de São Joaquim e uma das mais afetadas com o granizo, vão ter que amargar um prejuízo que agrava os problemas da safra anterior.
Os dois, que haviam perdido 86% da produção em 2010, também pelo granizo, agora perderam as 60 toneladas que esperavam colher em 2012. Eles vão derrubar as frutas porque é mais barato adotar este procedimento do que cuidar de um pomar sem valor.
– O pomar ficará comprometido por dois anos, não vamos ter colheita e não sabemos o que fazer. É muito triste ver todo o investimento ser destruído de repente – lamenta Henrique.