Estragos causados pelo tempo destruíram 10% da área cultivada, outro assunto preocupante na região é a questão indígena. Caravana Soja Brasil encerrou passagem pelo Paraná
Sebastião Garcia | Guaíra (PR)
A última etapa da Caravana Soja Brasil pelo Paraná foi ao município de Guaíra, no oeste do Estado. Os produtores dessa região tiveram prejuízos por causa da chuva de granizo na última semana e convivem com um clima tenso por causa das invasões indígenas.
O granizo destruiu pelo menos 10% das lavouras de soja da cidade. A área plantada chega a 30 mil hectares. O cultivo estava bem adiantado, a região oeste é sempre a primeira a plantar no Paraná. Com a necessidade do replantio, muitos produtores daqui serão os últimos a cultivar.
O sojicultor Luiz Ambiel perdeu quase 70% da lavoura. São 500 hectares que precisarão ser replantados agora.
– A nossa esperança era colher a soja no fim de janeiro, começo de fevereiro. Agora, vamos colher lá em março. A janela do plantio de safrinha, que a gente prevê isso, já se foi – afirma.
O engenheiro agrônomo Jones Ambiel, filho de Luiz, passou um dessecante no pouco que sobrou para não ter ainda mais problemas depois
– A variedade que sofreu o granizo ela era uma RR e agora todas as variedades são Intacta. Para não acontecer de vir lagarta nessa soja tiguera – explica.
Na propriedade do produtor Adalto Menegassi, não sobrou quase nada dos 100 hectares que ele havia plantado. A soja já estava com um mês e desenvolvia bem. Uma chuva de granizo destruiu a lavoura. Menegassi precisou plantar tudo de novo, prejuízo de até R$ 90 mil.
– Não tem como recuperar, não tem jeito, não. Perdeu, perdeu – lamenta.
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A situação das lavouras, a expectativa dos produtores com esta nova safra de soja e os problemas de cada região do Paraná foram debatidos nesta semana com os especialistas presentes na Caravana Soja Brasil. Guaíra foi a última cidade desta etapa. A capacitação, certamente, vai ajudar no desempenho dos produtores locais.
Foram quase mil quilômetros de estrada, com cinco viagens em cinco dias. Primeiro foi Londrina, no norte do Estado. Lá, a soja mal germinou por causa da seca e os produtores interromperam o plantio. Em Maringá, os sojicultores vão ter que plantar de novo porque a semente não vingou.
No centro-sul, em Guarapuava, tem trigo ainda para ser colhido, a soja será plantada mais tarde, nas primeiras semanas de novembro. Em Mangueirinha, no sudoeste, a nova geração de empreendedores rurais acompanhou os debates e palestras da Caravana. O município se destaca na produção de sementes.
Em Guaíra, além dos estragos causados pelo tempo, um assunto preocupante é a questão indígena.
– São 18 áreas invadidas, a soma chega entre 300 e 400 alqueires. Mas têm áreas grandes, têm áreas de fazenda, têm áreas pequenas – ressalta Roberto Weber, agricultor e presidente da Organização Nacional de Garantia ao Direito de Propriedade (Ongdip).
Nesta safra 2014/2015, a soja deve ocupar uma área de seis milhões de hectares no Paraná. Segundo a Secretaria de Agricultura do Estado, quase 40% dessa área foi plantada até agora. O resultado vai depender do clima e das decisões dos produtores.
– O agricultor está bem preparado tecnologicamente, estamos dentro de um zoneamento de plantio de soja bom, ainda podemos ter um sucesso neste plantio. O que nos preocupa muito é que nós vamos atrasar a colheita, o que nos vai dar problema no milho safrinha. Eu acompanhei todos os dias da carreta e posso dizer pra você, sem sombra de dúvida, que todos os dias eu aprendi algo novo. Os produtores trazem problemas diferentes e resultados diferentes. Para mim, foi um enriquecimento muito grande e eu acredito que foi um sucesso – comenta o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Paraná (Aprosoja-PR), José Eduado Sismeiro.
Clique aqui e veja o vídeo da reportagem.
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