A incidência de greening na área do produtor de citrus Oscar Simonetti é de 2%. A propriedade fica em Mogi Guaçu (SP). No cinturão agrícola, região formada por municípios de São Paulo e Triângulo Mineiro, essa taxa chegou a quase 19% em 2018, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).
A produção de Simonetti soma 20 hectares, onde estão 10 mil pés de tangerina ponkan. Quatro anos atrás, ele acrescentou um novo produto à adubação: nitrato de cálcio. Para o produtor, o investimento — cerca de 20% maior do que o manejo tradicional — valeu cada centavo.
“O resultado superou as expectativas. Em uma área em que o vizinho tem greening, a ponkan, que é uma variedade muito suscetível à doença, é um divisor. Se ela não tem, nas outras terá menos ainda”, argumenta.
Engenheiro agrônomo, Bruno Dittrich explica que o nitrato de cálcio atua exatamente no ponto onde o greening age. “A bactéria destrói o feixe vascular, por onde ela desloca nutrientes para encher a fruta e crescer a planta. O produto consegue fazer com que essa estrutura fique mais densa e resistente”, diz.
Por safra, o pomar de Simonetti recebe de três a quatro aplicações do composto químico — 700 gramas de nitrato por vez. “A primeira é feita, normalmente, em outubro ou novembro. A terceira é realizada perto de abril. São os pontos em que a planta mais absorve”, esclarece Dittrich.
Segundo o agrônomo, o cálcio não se movimenta dentro da planta como os outros nutrientes. “Se a planta precisa de nitrogênio, ela tira da folha velha e passa para a nova ou para a laranja. Se ela precisa de cálcio, não. Ele está ali, preso na folha, porque é estrutural”, afirma.
Mas apenas a aplicação do nitrato não deixa a área protegida. O trabalho precisa ser conjunto, com plantio de mudas sadias, combate ao vetor, psilídeo e inspeções no pomar.
Décadas de trabalho
A família Simonetti se dedica à cultura há 70 anos e procura se atualizar para manter a qualidade da fruta e afastar doenças que podem prejudicar a plantação. “A gente busca fora do país também quando tem alguma coisa nova, para não morrer na praia”, conta.
De acordo com o citricultor, quando a família chegou à região, na década de 1990, existiam cerca de 20 mil produtores. “Hoje, está com sete ou oito mil. Aquele que não acompanha a tecnologia tem dificuldade para trabalhar e sai do mercado”, finaliza.