O governo do Paraná publicou nesta terça-feira (26) decreto instituindo situação de emergência fitossanitária para combater o greening, principal praga que afeta os citros no mundo.
O objetivo é ter maior mobilidade e possibilidade de agir com mais rapidez e efetividade para o controle da doença e de seu vetor, o psilídeo (inseto sugador) Diaphorina citri Kuwayama.
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“O decreto de emergência fitossanitária é um instrumento drástico, mas nos dá possibilidade de tomar as medidas necessárias de forma mais efetiva na tentativa de controlar o problema, pois a citricultura é uma atividade muito importante para o estado”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento do estado, Norberto Ortigara.
A erradicação de plantas doentes, seguida de plantio de mudas sadias provenientes de viveiros registrados e o controle eficiente do inseto com produtos biológicos e químicos, são algumas das boas práticas preconizadas para combater a doença. A praga tem aparecido com mais frequência na região noroeste do Paraná, onde está a maior parte do plantio de citros comerciais, mas também se estende pelo norte.
Desde a detecção de aumento anormal da doença, o estado juntou forças para ações de prevenção e controle do greening, também conhecido como HLB (huanglongbing) ou amarelinho.
No fim de julho, uma nota técnica orientou sobre o combate. No mês seguinte começou a operação BIG Citros, com foco em conscientização, fiscalização e reforço de ações no campo, o que inclui o folder Todos Contra o Greening.
As ações são realizadas pelo governo estadual, por meio da Secretaria da Agricultura, Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), em parceria com empresas de pesquisa agropecuária, cooperativas, prefeituras e setor industrial.
Greening ainda sem cura
Ainda não há cura conhecida para a doença do greening. A erradicação das plantas contaminadas e boas práticas de controle do psilídeo são as alternativas recomendadas. Em vários municípios das regiões afetadas, as prefeituras entraram com determinação no processo e estão cortando as plantas.
O trabalho é feito tanto em propriedades rurais e urbanas com frutas para consumo familiar quanto em pomares comerciais. Ao mesmo tempo há um esforço de fiscalização para banir a venda de mudas clandestinas. A comercialização, feita normalmente em carros ou nas calçadas, é proibida no Paraná.
O que é a doença
O HLB ou greening dos citros é uma praga importante devido à severidade, rápida disseminação e dificuldades de controle. A bactéria Candidatus liberibacter spp. é o agente causal do HLB. A doença afeta plantas de praticamente todas as espécies cítricas, além da murta (Murraya paniculata), Fortunella spp. e Poncirus spp., e é transmitida pelo psilídeo asiático dos citros, Diaphorina citri Kuwayama.
O greening afeta seriamente as plantas cítricas, provocando queda prematura dos frutos, que resulta em redução da produção e pode levar à morte precoce. Além disso, os frutos ficam menores, deformados, podendo apresentar sementes abortadas, açúcares reduzidos e acidez elevada, o que deprecia o seu sabor, diminuindo a qualidade e o valor comercial, tanto para consumo in natura como para processamento industrial.
Controle do greening
Uma das práticas para evitar a doença é o plantio de mudas sadias, de qualidade e oriundas de viveiros registrados. No Paraná, o comércio de plantas por venda ambulante é proibido.
O controle do psilídeo também pode ser feito com a Tamarixia radiata, uma vespa parasitoide criada em laboratório, incluindo o do IDR-Paraná.
No campo, essas vespas buscam os ninhos da D. citri para se reproduzir. Depositam seus ovos embaixo das ninfas (forma jovem), que servirão de alimento para as larvas.
Cada vespinha pode eliminar até 500 psilídeos. Com isso, promovem a redução no número dos vetores e da incidência da doença. O uso desse componente biológico, que é uma alternativa complementar de combate ao greening, também implica em menor aplicação de inseticida.
A boa adubação, irrigação de qualidade e cobertura vegetal também são boas aliadas para o desenvolvimento rápido da planta, reduzindo a exposição ao inseto, visto que a transmissão é mais comum em brotos que em folhas adultas. O monitoramento e controle do inseto vetor deve ser realizado de acordo com recomendações técnicas, instalando-se armadilhas amarelas e contagem a cada sete dias.
As pulverizações em intervalos que respeitam as orientações agronômicas são importantes, prevendo-se uso de inseticidas químicos e biológicos com eficiência comprovada. Também é imprescindível a rotação dos grupos químicos dos inseticidas, que devem ser aplicados com todas as técnicas que eliminem possibilidades de deriva.
Citricultura no Paraná
A área ocupada pela citricultura no Paraná é de aproximadamente 29.200 hectares (ha), sendo 20.700 ha de laranjas, 7 mil ha de tangerinas e 1.500 ha de lima ácida tahiti.
O Valor Bruto da Produção da citricultura, levantado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), somou R$ 826,8 milhões em 2022, com produção de 842,4 mil toneladas de frutos.
Na produção de citros do estado, destacam-se os municípios de Paranavaí, Alto Paraná, Guairaçá, Nova Esperança e Cruzeiro do Oeste, com produção de laranjas; Altônia, com produção de limas ácidas; e os municípios de Cerro Azul e Doutor Ulisses, com a produção de tangerina-poncã.