Greve em Belo Monte prossegue sem perspectiva de encerramento

Conforme consórcio responsável pelas obras, não há previsão para abertura de diálogo com trabalhadoresOs trabalhadores dos canteiros de obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte continuam em greve, apesar de o movimento voltar à condição de ilegalidade a partir desta quarta, dia 2. Apenas os serviços essenciais estão sendo autorizados a passar pela barricada montada por trabalhadores no cruzamento entre a Rodovia Transamazônica e a localidade conhecida como Travessão 27, onde começa a estrada de terra para as principais frentes de trabalho.

O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), que é o responsável pelas obras, informou que “não há ainda previsão para abertura de diálogo” e afirmou que os trabalhadores “não estão seguindo nem as determinações judiciais de retorno da greve, nem o interdito proibitório contra as barricadas que têm sido feitas no Travessão 27”.

Na quarta passada, dia 25, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, em decisão liminar, havia decretado a ilegalidade da greve, cujos efeitos foram suspensos temporariamente após reunião mediada no dia seguinte pela Vara de Trabalho de Altamira (PA). No entanto, a suspensão tinha prazo até essa terça, dia 1º, com previsão de aplicação da ilegalidade em caso de não retorno ao trabalho e multa diária de R$ 200 mil.

De acordo com o CCBM, que é o responsável pelas obras, a prioridade agora é “resolver a questão no âmbito da legalidade”. Segundo a assessoria de comunicação do consórcio, “todas ações de transporte e de infraestrutura necessárias ao retorno do trabalho já foram feitas, mas a instrução é retornar o ônibus, caso ele seja parado na barricada”.

A estratégia da CCBM é percebida pelo movimento grevista. Integrante da comissão de trabalhadores que participou das negociações com a empresa, Fábio de Sousa disse que o que mais tem incomodado os trabalhadores é o silêncio do CCBM.

– A proposta anterior à greve (aumento de dez dias no período de baixada, período de folga para visita à família, desde que descontados das férias) não foi aceita pela assembleia porque não significou nada. Agora, aguardamos o contato do consórcio. Enquanto a empresa não sentar com a comissão e o sindicato para negociar, a greve continua – acrescentou.