Essas e outras questões motivaram um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, a estudar a emissão de materiais particulados para a atmosfera e o impacto sobre o clima na região Sudeste.
Ao propor o Projeto Temático “Efeitos das emissões nas mudanças do padrão atual e futuro de chuvas na região Sudeste do Brasil”, inserido no Programa Fapesp de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), o grupo coordenado pelo professor Arnaldo Alves Cardoso, do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, busca melhorar o entendimento e a influência dos aerossóis atmosféricos, relacionando dados e estudando as propriedades físicas e químicas dessas partículas.
O projeto está baseado no Instituto de Química da Unesp. Também participam pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP), além de parceiros internacionais.
Cardoso destaca que as mudanças de atividade econômica produtiva podem afetar a qualidade, quantidade e tipo de partículas na atmosfera.
? Podem modificar o processo de formação de nuvens e, com isso, afetar o regime de chuvas de uma região. Podem também afetar a quantidade das descargas elétricas na atmosfera. O efeito na formação de raios também é objeto do nosso projeto ? disse.
Aerossóis são pequenas partículas sólidas ou líquidas dispersas na atmosfera.
? A fumaça é formada por partículas visíveis, mas muitas partículas são tão pequenas que não são visíveis ao olho humano ? disse.
? Muitas partículas são formadas no interior da atmosfera como produto de reação química ou de condensação. Por exemplo, o vapor de água evaporado de um lago pode se condensar na forma de pequenas gotas de água, formando um tipo de aerossol atmosférico ? explicou.
As partículas atmosféricas podem ser classificadas em primárias (emitidas diretamente como partículas maiores) e secundárias (menores, formadas na atmosfera). Atividades antrópicas, como queima da cana-de-açúcar e construção civil, por exemplo, aumentam a emissão dessas partículas.
? As partículas que servem de núcleo para a formação de uma nuvem devem ter tamanho e concentração ideais e propriedade de absorver água. Muitas partículas podem, cada uma, absorver só um pouco de água da atmosfera e não crescer o suficiente para formar gotas de chuva ? disse Cardoso.