Grupo de mulheres ocupa fazenda pertencente à família da presidente da CNA

Líder da CNA, a senadora Kátia Abreu repudiou o ato e disse que está indignada com a invasão da propriedadeUm grupo de mulheres ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e à Via Campesina ocupou nesta quinta, dia 7, uma fazenda pertencente ao deputado federal Irajá Abreu (PSD-TO). O parlamentar é filho da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidenta da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e uma das principais porta-vozes dos produtores rurais no Congresso Nacional. 

A propriedade fica às margens da rodovia BR-153, que liga Belém (PA) a Brasília (DF), na cidade de Aliança (TO), a 195 quilômetros da capital do Estado, Palmas. Segundo o MST, as cerca de 500 mulheres que ocupam a fazenda em protesto contra o agronegócio e os crimes ambientais chegaram a interromper o tráfego de veículos na estrada por cerca de uma hora. Não houve registro de tumultos.

O grupo também desmontou um canteiro de mudas de eucalipto, plantando arroz e feijão no lugar das mudas. O protesto faz parte da campanha nacional Mulheres Sem Terra na Luta contra o Capital e pela Soberania dos Povos!

O MST alega em nota que a propriedade, denominada Fazenda Aliança, foi embargada duas vezes, em 2011 e em 2012, por desmatamento e derrubada de árvores. No entanto, o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Tocantins, Joaquim Henrique Moura, afirmou que a área foi embargada uma única vez.

Segundo Moura, os responsáveis estavam renovando a pastagem em uma área já degradada (área de uso alternativo), sem a necessária autorização do órgão ambiental estadual. Ainda de acordo com o superintendente, a situação logo foi regularizada. Moura garante que a Fazenda Aliança, atualmente, está ambientalmente legalizada.

Em nota, a senadora Kátia Abreu repudiou o ato e disse que está indignada com a “invasão” da propriedade de sua família.

– Trata-se de uma propriedade produtiva, moderna, que emprega 48 trabalhadores, hoje violentamente transformados em reféns, enquanto o grupo de vândalos destruía viveiros de mudas cultivadas com alta tecnologia, destinadas ao plantio de eucaliptos, que é a atividade principal do empreendimento – disse a senadora, que considerou o protesto uma retaliação à sua atuação parlamentar e na liderança do setor produtivo rural.

– Não vão me fazer recuar. Não vão me amedrontar. Não vão impedir que continue mostrando ao Brasil as mentiras e as atrocidades cometidas por este movimento dos sem lei – concluiu a senadora. Ela informou que sua família tomará as medidas judiciais cabíveis.

Mais protestos

Nesta quinta, um grupo de mulheres ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao Movimento Camponês Popular, à Via Campesina e ao Movimento dos Atingidos por Barragens ocupa desde as 6h a sede do Ministério da Agricultura, em Brasília. As camponesas protestam contra o modelo de desenvolvimento pautado no agronegócio e cobram do governo aceleração no processo de reforma agrária.

Na terça, dia 5, a ocupação aconteceu na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). As camponesas reivindicaram o assentamento de 90 mil famílias acampadas no interior do país.