Durante a reunião que durou mais de duas horas, os indígenas entregaram um documento relatando a intranquilidade na região. A Justiça Federal determinou que a reintegração de posse concedida ao fazendeiro aconteça até novembro. O Ministério Público recorreu ao Tribunal Regional Federal da Terceira Região pedindo a permanência dos indígenas até que a Funai conclua estudos antropológicos das terras.
– Há um grupo de trabalho da Funai tentando estabelecer os limites desse território. Nós vamos cobrar agilidade. Já há ações judiciais a respeito disso, há termo de ajustamento de conduta – disse a vice-procuradora-geral da República, Déborah Duprat.
O representante dos indígenas mostrou a dificuldade de acesso à região. Para chegar à área ocupada é necessário atravessar um rio de 50 metros de largura e dois de profundidade. Eles ocupam dois hectares da propriedade que possui um total de 762 hectares e só foram para lá porque tiveram o acampamento que viviam à beira da estrada destruído por pistoleiros. A situação se agravou na última semana.
– O Estado hoje que não respeita o nosso direito. O Estado não considera que nós somos cidadãos, não somos ser humano. O que aconteceu agora recentemente, de sexta para cá, é um suicídio. Na quinta, teve o estupro na aldeia – contou o líder indígena Otoniel Nhanderu.
– Preocupa especialmente em face do histórico de suicídios dessa comunidade. Nos últimos 10 anos, 555 indígenas se suicidaram. Então é possível que, em um cenário de estresse, elas eventualmente sejam estimuladas ou levadas a cometer suicídio. Essa é uma possibilidade – afirma o procurador da República em Mato Grosso do Sul, Marco Antônio Delfino.
Nesta terça, dia 30, os índios se reúnem com a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, para pedir proteção policial. Eles também prometem recorrer a cortes internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA).