A guerra comercial entre China e Estados Unidos deve desestimular o produtor rural americano a investir na safra de soja na próxima temporada. Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a área plantada pelos norte-americanos deverá cair 7,5%, saindo de 36 milhões de hectares na temporada anterior para 33,3 milhões de hectares neste ciclo.
Segundo Luiz Fernando Gutierrez, analista da consultoria Safras & Mercado, a incerteza sobre as negociações comerciais entre americanos e chineses fez com que o agricultor não se arriscasse tanto. Alguns inclusive devem migrar parte da área para cultivar milho, cultura que não deve ser tão afetada pela disputa.
A projeção do órgão oficial dos Estados Unidos é que o total plantado com milho suba 3,3%. A semeadura esperada é de 37,2 milhões de hectares, contra 36 milhões de hectares no ano passado.
Jogo pode virar
O analista de mercado ressalta, no entanto, que caso os Estados Unidos e a China entrem em um acordo comercial, a queda na área plantada poderá ser menor. “Temos mais dois ou três meses (para o plantio) ainda e muita coisa pode acontecer”, disse.
Entenda o caso
A disputa entre as duas potências surgiu no início de 2018, quando os dois países impuseram tarifas sobre cerca de US$ 50 bilhões de bens dos dois países. Em setembro de 2018, os EUA impuseram tarifas de 10% a cerca de US$ 200 bilhões em importações chinesas. Em seguida, a China retaliou os norte-americanos impondo tarifas sobre as importações dos EUA, no valor de US$ 60 bilhões.
As tarifas de 10% deveriam inicialmente subir para 25% em janeiro de 2019. No entanto, no início de dezembro de 2018, as partes concordaram em congelar o aumento tarifário até ao dia 1º de março de 2019. Os dois países continuam em negociação sobre o assunto.
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